RESPM-SET_OUT-2015-baixa

setembro/outubrode 2015| RevistadaESPM 87 e o sistema produtivo propriamente dito. Dentre esses, trêsmerecemdestaque: Estados, Organizações Interna- cionais Governamentais (OIG) eOrganizações Interna- cionais Não Governamentais (Oing). Os Estados não são apenas estruturas burocráticas ou protetoras da indústria nacional. Mesmo que o nível e a qualidade de participação do Estado variem consi- deravelmente, a tendência aponta para sua relevância como estimulador produtivo. Não se trata de um Estado desenvolvimentista clás- sico ou mesmo do Estado promotor da substituição de importações. Por mais contraditório que pareça, hoje o Estado pode — e até deve — ser o promotor da interna- cionalização de sistemas produtivos. Querer concen- trar todo o processo produtivo num mesmo território se mostra cada vez mais limitador da competitividade emmédio prazo. Nesse sentido, o Estado é convidado a participar da delimitaçãoepromoçãode fases específicasdeprodução. Existemdiferentes estratégias que podemser seguidas pelo Estado e estão sob sua responsabilidade. Uma delas está relacionada aos processos de integra- ção regional. A formação de blocos comerciais regionais tem a vantagem da construção política de mercados consumidores maiores, o que pode atrair investimen- tos produtivos. Mas isso não basta. É preciso que haja também maior preocupação em relação ao aproveita- mento das diferentes infraestruturas produtivas dos Estados-membros, de forma a potencializar a capaci- dade de produção. Nesse cenário, outra importante linha estratégica é a fomentação do ambiente de investimento governa- mental e privado empesquisa e inovação. A não ser que queiramosnos concentrar apenasnos primeiros elos das CGVs, nos quais hábaixa agregaçãode valor, serápreciso capacitar o sistema produtivo para que seja relevante ao setor, a ponto de ser considerado umelo estratégico. Já as Organizações Internacionais Governamentais (OIGs) são responsáveis pela padronização de indica- dores e procedimentos mínimos que podem impactar sobre o processo produtivo e sua internacionalização. Ao longo das últimas sete décadas, o mundo vem estruturando a economia global em torno do comércio internacional. No âmbito das Conferências de Bretton Woods, o sistema econômico global pós-SegundaGuerra Mundial buscou estimular a liberalização comercial como a principal estratégia para o aumento da interde- pendência e a base para a reconstrução das capacidades produtivas nacionais e global. Inicialmente, isso ocor- reu por meio dos Acordos Gerais de Tarifas e Comércio (GATT, na sigla em inglês), comapoio do BancoMundial e do FundoMonetário Internacional. O sucesso encon- trado por esse tipo de estratégia começou amostrar seus limites no fimdos anos 1990. É nesse momento que o comércio começa a revelar suas limitações comoprincipal caminhoproposto. Além damudança no ambiente político — ocasionada pelo fim da Guerra Fria e o vislumbrar de ummomento demaior estabilidademundial —, tambémocorre o barateamento dos transportes e comunicação globais. A partir de então, o mundo corporativo começa a buscar novas formas de atuação, menos dependentes das novas fases de negociação multilateral. Assim, as Organizações Governamentais Internacionais perdem parte de sua centralidade e começam a buscar novas agendas. Ainda que mantenham sua função clássica de orientadoras de comportamentos e fornecimento de informações, o que se vê por parte das OIGs é um trabalho mais forte em torno da compreensão e atu- ação voltada à promoção das CGVs. shutterstock

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