RESPM-SET_OUT-2015-baixa
Revista da ESPM | setembro/outubrode 2015 98 “C hoveusopaeoBrasilficoudegarfona mão”, comentaoeconomistaRenato Baumann, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). “Entre o fim da década de 1990 e 2008, o país comemorou muito as suas exportações de minério de ferro e soja, enquanto o setor industrial brasileiro se debatia, sempoder contar com uma agenda política capaz de promover a inserção internacional de nossas empresas no exterior.” Agoraqueafestaacabou,odólarsubiueomercadointerno encolheu, todos estão embusca de rotas alternativas para “escoar”aproduçãonacional.“Há60anosqueogovernobra- sileirodizfazerintegraçãocomoutrospaíses,masnadaacon- tece.Porquenãotentamosseguiroexemplodosasiáticose reproduzimosaqui, naAméricadoSul, omesmomodelo?” ParaBaumann, o segredodos asiáticos estáno enfoque pragmático e semdimensãopolítica que esses países apli- cam em suas normas comerciais. “O que eles têm é uma aberturasignificativademercado, apráticade tarifasmais baixas, acordos depreferência comercial eumaboaprote- ção dos investimentos. Taiwan e China, por exemplo, têm umasériededivergênciasevivememguerra,masnahora de sentar para negociar, as diferenças são postas de lado e os acordosprosperam.” Combasenessateoria,aequipedeBaumannestáprodu- zindoumestudoparamostrarqueumdoscaminhosmais rápidosparaoBrasilcrescernoexteriorpodeseraampliação deseusacordoscomospaísesdaAméricadoSul. “SeoBra- sil quisesse investir emalgumtipodecomplementaridade na região, há indicadoresdequepaísesmenorespoderiam contribuir—emuito—paraaumentaracompetitividadedo nossomercado”, comenta o economista, que agora inves- tiga a possibilidade de interação produtiva comos países vizinhos, visandoencontrar ganhosdecustodeprodução. “Combasenessesindicadores,concluímosque,setodosos insumospudessemserproduzidosnaregião, substituindo a importaçãodepaísesmaisdistantes, teríamos uma eco- nomia aproximadadeUS$25bilhões.” Segundo ele, o problema é que persiste o conceito gene- ralizado de que o Brasil é grande o suficiente para seguir carreira solo. Ainda assim, temmuita empresa brasileira remando contra a maré. Em busca dessas guerreiras do século21,a RevistadaESPM foiacampoinvestigaroscases brasileirosde sucessoquandooassuntoéCGVs. Essa apuração deu origem a grandes exemplos nacio- nais, quequasenuncasãocitadosnaspautas relacionadas aocomércioexterioreàscadeiasglobaisdevalor.Umdeles éo trabalhodesenvolvidopelaSPAlpargatas, comamarca Havaianas,queconseguevenderseufamosochinelodebor- rachacomcristaisSwarovski aUS$500paraos londrinos. Outro setor brasileiroque “nada contra amaré” e édes- taque no exterior é o granito. Há 15 anos, os principais players dessemercado no Brasil investemna exportação da chapa polida, no lugar da pedra bruta, e com isso dá umgrande passo rumo à liderança dessa cadeia global de valor. Vale ressaltar que o preço médio do granito bruto é deUS$ 200 a tonelada, enquanto a chapa polida sai por US$ 900. “Nós somos omaior fornecedor de granito para omercadonorte-americano, sendoque oBrasil responde por33%detodoogranitoimportadopelosEstadosUnidos”, detalha Olívia Tirello, superintendente do Centro Brasi- leiro dos Exportadores de RochasOrnamentais (Centro- rochas), que agora prepara uma campanha demarketing para promover a valorização da rocha natural do Brasil entre os arquitetos, engenheiros e construtores dos Esta- dos Unidos. “O objetivo é mostrar o diferencial de nosso granito para omundo.” AMarcopolo tambémfigura entre as companhias ver- de-amarelas que cruzam fronteiras e buscam, por conta própria, alcançar melhores posições nas cadeias globais de valor por meio de novos fornecedores, distribuidores, consumidores, parceiros e mercados. Hoje, a empresa especializada emencarroçamentodeônibus, não só inte- gra, como também lidera, uma grande CGV. Onegócio da r emando contra a mar é
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