RESPM-JAN_FEV 2016

JANEIRO/FEVEREIRODE 2016| REVISTADAESPM 33 Elbia — Somos uma potência da energia eólica, porque nossa taxa de crescimento é bem maior que a de outros países. Itália, França, Canadá e Reino Unido são países estáveis. O crescimento da necessidade de energia per capita deles é bemmenor. Já o Brasil terá sempre investimentos grandes. Em 2014, foi o quarto país que mais aumentou a capacidade instalada. Em 2015, foi o quarto ou o terceiro. Somos o segundo país mais atrativo em fontes renováveis. Revista da ESPM — É o que mostra o ranking Climatescope. Qual a razão dessa atratividade? Elbia — A análise envolve ambientes político, econômico, regulatório e fi- nanceiro. Quando se analisam todas essas variáveis, o Brasil, apesar de estar passando por uma conjuntura muito complicada, ainda é um país seguro para investimentos. Princi- palmente no setor elétrico, há um aparato regulatório estável. As ins- tituições no Brasil funcionam, o que nos dá segurança. Revista da ESPM — A energia eólica é imune à crise? Elbia — Praticamente imune. Somos uma ilha de prosperidade, junto com o agronegócio. Todos os demais setores da economia estão caindo. A energia eólica só não é completa- mente imune porque há um aspecto financeiro — câmbio, taxa de juros — que afeta um setor muito intensivo em capital. Mas é imune em termos de crescimento porque fizemos vários contratos de 2009 até 2015. Nos leilões de energia eólica, eu vendo hoje para entregar daqui a três ou cinco anos. O que vendi em 2009 entreguei em 2012 e 2014. Tudo que vendi até 2013, 2014, quando a gente não estava em crise, estou trabalhando para entregar até 2019. Além disso, a despeito da economia, o Brasil precisa muito de energia. Lembre-se de que 65% da nossa po- tência instalada é de fonte hídrica, e não há mais água. As térmicas contratadas para servir de backup já estão sendo usadas. Essa energia, além de cara, é poluente. É preciso substituí-la. Se o PIB cair 5%, azar, Como oBrasil temmuitos recursos naturais e pode escolher o que quer, pôs emprimeiro lugar a exploração de recursos hídricos, para a qual tinha know-how e tecnologia shutterstock