RESPM-JAN_FEV 2016

ENTREVISTA | ELBIA SILVA GANNOUM REVISTA DA ESPM | JANEIRO/FEVEREIRODE 2016 34 preciso substituir 10 GW. O setor elétrico vai continuar crescendo. A eólica em especial. Revista da ESPM — Por que a eólica em especial? Elbia — Porque é a segunda fonte de energia mais competitiva do país. Só perde para a hidrelétrica em preço, mas não temos água sufi- ciente. Numa perspectiva de longo prazo, a expansão da matriz elétri- ca brasileira deve se fundamentar naturalmente nas fontes eólica e solar. A eólica está crescendo em alta velocidade desde 2009. A solar começou em 2014. Revista da ESPM — O crescimento da energia eólica é conjuntural ou es- trutural? Elbia — O setor de infraestrutura dificilmente sofre efeitos de cur- to prazo, porque a maturação do invest imento leva tempo: t rês, cinco, dez anos. Se decidir hoje que preciso de energia para hoje, eu não terei. Vou ter de fazer racio- namento. O Brasil é um país em desenvolvimento com 200 milhões de consumidores e a distribuição de renda ainda precária. Qualquer movimento nas variáveis econômi- cas que leve ao aumento de renda provoca um salto no consumo. O programa de distribuição de renda do governo Lula provocou esse au- mento do consumo, o que exige um aparato de infraestrutura para ge- ração de energia. O cidadão vai ter geladeira, televisão e ar-condicio- nado. Essa exigência de infraestru- tura é uma variável de longo prazo. Revista da ESPM — Há quem diga que só não há apagões agora por causa da crise econômica. Elbia — Não fosse a energia eólica, o Nordeste já estaria em racionamento. A energia eólica hoje responde, na média, por 30% da necessidade de energia do Nordeste. No dia 2 de no- vembro de 2015, atingimos um pico de geração. Atendemos 46% da carga do Nordeste e 10% da carga do Brasil. Além de contribuir para a segurança energética, a eólica evita a geração por usinas térmicas, que são caras e poluentes. Fazendo a conta do que geramos em2014 — e em2015 foi mais ainda —, economizamos R$ 6 bilhões e seismilhões de toneladas de CO 2 . Revista da ESPM — Quais os pa- péis do setor público e do setor priva- do nesses investimentos? Elbia — O papel do governo é con- ceder o aparato regulatório. Em 1995, o país iniciou uma reforma do setor elét r ico que envolv ia desvertica lização, privatização e regulação. Até então, quem de- tinha os ativos de infraestrutura de energia era o Estado. Só que o Estado havia perdido a sua capaci- dade de investimento, e isso foi re- conhecido. A partir daí, há entrada de capital privado. Revista da ESPM — Quem está in- vestindo em energia eólica no Brasil? Apartir domomentoemquea tecnologiaeólica foi se tornandomaiscompetitiva, comcustosmaisbaixos, oBrasil fez investimentos. Enahoracerta. Estamos sabendoexplorarmuitobemosnossosventos shutterstock

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