RESPM-JAN_FEV 2016
REVISTA DA ESPM | JANEIRO/FEVEREIRODE 2016 52 Fonseca — Nesse caso, o que mudou foi o câmbio. Com o dólar a R$ 1,80, não dava para fazer integração com a União Europeia, sem quebrar a indústria brasileira, porque câmbio e tarifa têm uma só veiculação. Você não consegue baixar tarifa com o câmbio sobrevalorizado. Sempre fui a favor da integração. Mas tem horas que precisamos olhar o mercado com pragmatismo. Sem um câm- bio na paridade correta, você fica impedido de negociar, porque não consegue preservar os interesses brasileiros, ou seja, ter vantagens em termos de geração de renda, em- prego e mercado. Revista da ESPM — É como diz o tema desta edição da Revista da ESPM : toda crise gera inúmeras oportunidades! Fonseca — No Brasil, temos boas opor- tunidades, principalmente porque os nossos ativos estão muito baratos em dólar. Tem muito investimento es- trangeiro chegando e a indústria está animada com as exportações. Então, não está tudo tão ruim quanto parece. Tem muita coisa boa acontecendo na economia. Vários setores de bens de consumo, que estão com baixo dinamismo nomercado interno, estão ganhando dinheiro no exterior. É o caso dos setores de papel e celulose, alimentos, calçados e mineração. Isso é o início de um ciclo virtuoso. Nos próximos dois ou três anos, o Brasil vai voltar a ser competitivo no cenário internacional. Hoje, temos 0,9% do co- mércio global. Até 2020 vamos chegar a 1,3% de participação e ver as nossas exportações de manufaturados supe- randoas commodities . Temcentenas de milhões de dólares de agregação de va- lor a serem capturados pela indústria brasileira, combaixo investimento em tecnologia, mão de obra e uma certa racionalidade tributária. Agora, o que precisamos é repensar a estrutura tri- butária doBrasil. Revista da ESPM — Para muitos es- pecialistas, esta é a hora de reduzir cus- tos, melhorar a qualidade e obter mais eficiência competitiva. O que o senhor está aconselhando para seus clientes? Fonseca — As empresas estão em busca de soluções para melhorar a sua competitividade. Como um mé- dico, o que faço é diagnosticar o que está causando a doença e indicar os caminhos para a cura e verificar se MERCADO | ROBERTO GI ANNET T I DA FONSECA Atendênciaéqueorealsedesvalorizeainda mais.Estamosretornandoaumasituação quepermiteàeconomiabrasileiraenxergarna exportaçãoumaatividadelucrativaedesejável shutterstock
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