RESPM-JAN_FEV 2016
REVISTA DA ESPM | JANEIRO/FEVEREIRODE 2016 90 EMPREGO O recuo da fatia da indústria no produto interno não é umfenômeno exclusivodoBrasil e está relacionado com a automação e o avanço na tecnologia da informação no processo industrial nomundo inteiro. Mas o caso brasi- leiro é mais complicado, porque nas outras economias industrializadas o recuo da indústria foi compensado peloadensamentodaparticipaçãodessas economiasnas cadeias globais de serviços de alta qualificação. Infeliz- mente, não foi isso que aconteceu no Brasil. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) o país ocupou a 31 a posiçãonaexportaçãomundial de serviços em2014, com participaçãode apenas 0,9%domercado global. Esta fatia é bemdiferente da participação do total das exportações brasileirasquealcançounomesmoano1,44%domercado global. Ou seja, a indústria recuou no PIB e não aumenta- mosafatiadavendadeserviçosnomundo,comofizeramas outrasdezmaioreseconomiasindustrializadasdoplaneta. Aconstataçãoobrigatóriaéadequeodeclíniono boom de consumo de commodities exibiu o risco que enfren- tamos com a frágil capacidade de competitividade da economia brasileira. Oexemplomais consistente dessa fragilidade foi a perda de espaço das empresas brasilei- ras no mapa global de inovação. Este é o ponto. Capacidade de competir temtudo a ver com a capacidade de inovar. A possibilidade de oferecer umprodutonovo, oudemelhorar oque omercado já con- sumia, guarda absoluta relação com os investimentos feitos em pesquisa e desenvolvimento, o célebre P&D. E resultadosefetivosdosaportesemP&Dtêmconexãodireta comavanços no processo educacional emqualquer país. O Brasil, em 2014, perdeu duas empresas das seis que tinha na lista dasmil companhias de capital aberto que mais inovam no mundo, segundo o reconhecido levantamento da consultoria Strategies& (a antiga Booz & Company, hoje integrante do grupo PwC). Das seis que compunhamo ranking em2013, só ficaramquatro empresas brasileiras: Petrobras, Vale, Embraer e Totvs. O que mais interessa nesse estudo é que as empresas brasileiras que estão na lista aplicaramUS$ 2,3 bilhões em P&D, um recuo de 13,5% em relação a 2013. A rigor, o problemamais grave é a participação doBra- sil nomapa global de inovação. Entre 2013 e 2014, a fatia brasileiranobolo total de investimento empesquisa caiu de 0,4% para 0,3%. A participação do Brasil no mapa de inovaçãoépraticamente “irrelevante” comomostrouuma reportagempublicada no jornal Valor Econômico do dia 5 de novembro de 2015. E omais complicado é que esse recuo nos investimentos totais emP&Ddo Brasil vai no sentido contrário do que omundo faz. O levantamento da Strategy& confirmou que em 2014 os investimentos globais empesquisa somaramUS$680 bilhões, umcres- cimento de 5% em relação ao ano anterior. Inovação em queda Compreender a crisebrasileiraemcompetitividadeexige repensar amútua relaçãono tripéuniversidade-empresa- -Estado,basedapossibilidadedeinovaçãoemqualquerpaís domundo. Entendermelhor comoaeducaçãopodeajudar oBrasil asairdacrisecomeçapor repensarcomo funciona esse tripé. Interessanteanálise feitapor JoãoLuizRosa, na ediçãododia6de julhode2015do jornal Valor Econômico , imaginoudoisprofessoresuniversitários—umamericanoe outrobrasileiro—,trabalhandoemuniversidadespúblicas, que enfrentamrealidades bemdiferentesparapesquisar. O americano realiza pesquisas para empresas, em média, três meses por ano. O brasileiro também, só que por 12 dias a cada semestre. Motivo: determinação Compreender a crise brasileira em competitividade exige repensar o tripé universidade-empresa-Estado, base da inovação emqualquer país
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