RESPM JUL_AGO 2016
15 julho/agostode 2016| RevistadaESPM Revista da ESPM — Os investimentos estariam em segundo plano, então? Loyola — Em uma conjuntura difícil como a que estamos vivendo agora, muitas das decisões de investimen- tos são adiadas. Isso é notório. Há três anos o Brasil tem registrado um decréscimo na taxa de investimento. Talvez isso comece a mudar a partir de 2017. Isso não significa que as empresas simplesmente tenham desistido do Brasil. Representa ape- nas uma decisão racional de cortar investimento, até porque essa queda de demanda causou certa ociosidade na capacidade produtiva em muitas situações. Não há urgência em inves- tir. Nos últimos meses, não só a con- juntura ficou difícil, como há muitas incertezas no cenário político. E a incerteza é o grande fator de redução do investimento, mais importante até que o baixo crescimento. De dois me- ses para cá, percebemos uma melho- ra nas expectativas dos industriais e consumidores. Há também uma acomodação da atividade econômica. Hoje já há sinais de que a economia teria chegado ao fundo do poço e isso anima umpouco os investidores. Revista da ESPM — Tem havido mais demanda de clientes visando a oportuni- dades de compra de empresas no Brasil? Loyola — Em períodos de contração econômica, sempre surgem oportu- nidades de consolidação de empre- sas, há uma movimentação grande nesse sentido, sim. E como os ativos brasileiros se tornaram baratos, isso despertou interesse de investimen- tos de grupos estrangeiros, apesar das incertezas. Por isso eu vejo uma demanda grande de empresas de private equity , tanto nos segmentos de maior porte quanto no middle market . Certamente, os vendedores não vão conseguir os preços que acham que suas empresas valem. Por outro lado, o mercado está mais seletivo. Há uma cautela em relação a determinados segmentos. Aquela ideia de que o Brasil é um foguete prestes a decolar em plena velocidade saiu de cena e as hipóteses são de uma retomada mais gradual. Como o Brasil é visto com potencial de grande crescimento em alguns segmentos em que o índice de penetração de consumo ainda é baixo, o potencial de longo prazo é atrativo o suficiente, não obstante essa dificuldade imediata. Revista da ESPM — Indo para a mi- croeconomia, que segmentos o senhor avalia em situação mais dramática? E quais são aqueles que podem se recupe- rar mais rápido? Loyola — Setores em melhor situação estão ligados às exportações, que sofreram muito e agora tendem a se recuperar. A economia vai ser puxada agora mais pelo investimento e pelo setor externo do que pelo consumo, como aconteceunoperíodo entre 2003 e 2012. Por outro lado, durante toda a crise, o segmento do agronegócio continua muito bem e vem mantendo forte capacidade competitiva. O mer- cado de commodities caiu, mas vem se recuperando, e o que vemos hoje é que os maiores problemas nessa ques- tão da competitividade têm a ver com infraestrutura. Por isso acredito que muitas oportunidades podem surgir, dependendo do tipo de política que tivermos na infraestrutura. Isso exige regras mais claras e ainda temos um latinstock Nos últimosmeses, não só a conjuntura ficou difícil, como hámuitas incertezas no cenário político. E a incerteza é o grande fator de redução do investimento
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