RESPM JUL_AGO 2016

entrevista | Gustavo Loyola Revista da ESPM | julho/agostode 2016 16 modelomuito opaco, com taxas pouco atrativas. O governo do PT, especial- mente, fezmuitasmudanças de regras e isso acabou afastando o interesse do investidor privado. Se o governo criar regras mais claras e elaborar projetos de concessão, é um segmento que pode crescer bastante, até porque há uma enorme deficiência de oferta de serviços de infraestrutura. Revista da ESPM — Tem havido maior demanda de clientes pedindo análises específicas sobre o cenário de concessões e privatizações? Loyola — Historicamente, nós traba- lhamos com empresas nesse segmen- to. Eu tenho visto empresas se prepa- rando para isso. Mas ainda há muitas expectativas em relação ao modelo que será proposto. O jogo ainda não começou. Ele só vai começar de fato no governo Temer, após a conclusão do processo de impeachment. Por isso, omomento é de expectativa. Revista da ESPM — O senhor comen- tou sobres limites da consultoria e como a Tendências prefere não interferir na gestão do negócio dos clientes. É uma posição de muita independência. Qual é a sua leitura sobre o que mudou no mer- cado de consultoria nos últimos anos? Loyola — Consultoria é um termo muito abrangente, por isso ela precisa ser adjetivada. O nosso campo espe- cífico tem uma competição, mas ela está mais ou menos estabelecida há algum tempo. O que eu percebo é uma procura maior por economistas em te- mas relacionados a processos judiciais e arbitragem. Esse ramo fronteiriço entre economia e direito tem avança- do bastante. E o trabalho clássico dos economistas, de análise de mercados, tem crescido bastante e é competitivo. Nós estamos contentes por ter uma posição de liderança em diversos seg- mentos, mas não subestimamos nos- sos concorrentes demaneira alguma. Revista da ESPM — A Tendências avalia aproveitar mais essas oportu- nidades na consultoria em gestão de empresas? Há novas áreas de interesse em negócios? Loyola — Sempre há oportunidade para cobrir determinados espaços e estar mais presente na gestão das empresas. No nosso caso, a ideia não é interferir diretamente, mas ofere- cer mais insumos para exercer essa gestão por parte dos executivos. A ciência econômica oferece essa pos- sibilidade e pode ser uma ferramenta bastante útil para as empresas nas áreas de compra, oportunidade de mercado e custos. Podemos nos apro- ximarmais desse processo de gestão. Revista da ESPM — Que papel o se- nhor acredita que as empresas esperam como consultor nesse momento de crise? Loyola — O que podemos entregar de melhor é uma análise independente e competente dos problemas que o cliente encaminha de uma forma realista. Não acredito que a análise econômica possa ter um viés otimis- ta ou pessimista. O nosso papel é en- tender o problema e ajudar o cliente a perceber esse problema. Muitas vezes ele acha que temumproblema, quando na verdade é outro. Um pon- to importante é compreender que a análise econômica possui várias especialidades, e nós temos de ofere- cer uma visão ampla, num processo multidisciplinar. Nós devemos fazer uma análise integrada para reduzir o nível de incertezas. É preciso mos- trar parâmetros, vias e avenidas, principalmente num cenário negati- vo como o de agora. No fim das con- tas, o que o cliente quer é reduzir os seus problemas, diminuir o seu nível de incertezas. Ele não quer se sentir cego no meio da neblina. Revista da ESPM — As empresas enxugaram seus quadros em grande medida e agora buscam terceiros para realizar tarefas. Isso abre mais possibi- lidades para o mercado de consultoria? Loyola — Terceirização é umamudan- ça que veio para ficar e elas precisam de suporte externo para realizar mu- danças. O lado bom disso é que as empresas precisam sair um pouco da própria caixa. A consultoria é uma oxigenação. Mesmo empresas com boas culturas tendem a envelhecer quando ficam muito presas às suas formas de gestão e não percebem novas possibilidades de realizar as mesmas tarefas. Nisso a consultoria atua de maneira muito positiva. No Aconfiança, nestemomento, cumpre umpapelmuito importante, pois é elaquemdefine os investimentos que serão feitos e ademandado consumo. Se você achaque vai perder o emprego, não irá consumir

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