RESPM JUL_AGO 2016

17 julho/agostode 2016| RevistadaESPM entanto, esse input deve ser bem uti- lizado, bem assimilado e criticado, no bom sentido, pelas empresas. Elas não devem aceitar, passivamente, tudo o que os consultores dizem. Revista da ESPM — Há 15 anos uma série de escândalos internacionais provocou a cisão entre consultoria e au- ditoria. Houve uma depuração positiva do mercado? Loyola — Houve um problema especí- ficode conflitode interesses. Oauditor vai à empresa para verificar se os processos são corretos e se a contabi- lidade está em dia, dentro das regras. Aliar isso ao trabalho de consultor pode comprometer a independência do auditor. Então, se evoluiu muito no aspecto de delimitar as áreas de inte- resse de auditores e consultores. Revista da ESPM — No mercado an- glo-saxão, há consultorias centenárias. No Brasil, a Tendências é uma das mais antigas, com 20 anos. Que nível de ma- turidade o senhor vê emnossomercado? Loyola — A maioria das consultorias econômicas no mundo são relativa- mente novas. No Brasil, isso veio do próprio desenvolvimento da econo- mia, da especialização em cima do modelo inicial de generalistas. No caso da economia, isso muitas vezes funcionava de maneira informal, por um economista que atendia a várias empresas. A área de defesa da concorrência, por exemplo, é algo recente no Brasil. Outra coisa que impactou muito foi a privatiza- ção, que abriu muita demanda por consultorias com o surgimento das agências reguladoras em telecom e energia. Temos de lembrar também que no período da inflação o máxi- mo que se esperava da consultoria era saber qual seria a inflação do mês seguinte. A estabilização que veio com o Plano Real abriu novos cenários e as empresas passaram a precisar de uma ajuda mais profis- sional dos economistas. Isso criou a necessidade de consultorias com mais musculatura para fazer previ- sões e traçar cenários futuros com modelos mais estruturados. Revista da ESPM — Que tipo de pres- são os clientes estão exercendo sobre as consultorias neste momento de crise? Loyola — O preço sempre foi im- portante, mas hoje tem um papel fundamental. Em condições difíceis, as empresas buscam redução de cus- tos. Tem também um aumento da tempestividade. Uma pressão muito forte para nós é a entrega mais rápida e com qualidade. Mas, no fim, não mudou muito. O cliente quer um bom produto, rápido e a preço módico, como as coisas são desde o início do mundo [ risos ]. Revista da ESPM — Entrando nas previsões econômicas, qual é o cenário do Brasil para 2017? Loyola — O cenário básico mais pro- vável para o Brasil é de que, a partir de 2017, ocorra uma recuperação do crescimento, ainda que bastante fraco. Devemos ter crescimento um pouco maior que 1% no PIB e algo um pouquinho melhor a partir de 2018. Esse crescimento deve vir, sobretu- do, da grande capacidade ociosa que temos na economia e da recuperação shutterstock Mesmo com a crise, o segmento do agronegócio continua muito bem e vem mantendo forte capacidade competitiva

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