RESPM JUL_AGO 2016
entrevista | Gustavo Loyola Revista da ESPM | julho/agostode 2016 18 da confiança. A inflação também vai cair, o que beneficia muito empresas e consumidores. Revista da ESPM — Este ano não há chances de qualquer recuperação? Loyola — Aparentemente, a econo- mia está chegando a um ponto de inflexão. Eventualmente podemos ter uma estabilização no terceiro trimestre e o início de um resultado positivo a partir do quarto trimes- tre. Este é um processo bastante lento. A economia como um todo não anda no mesmo passo. Então, há empresas e segmentos ainda imersos em grandes dificuldades, enquanto outros começam a sair do pior momento. O PIB é uma média disso e a economia vai iniciar, de fato, a retomada quando a maioria dos setores entrar no positivo. Hoje, nós temos segmentos em situações muito diferentes. A confiança, neste momento, cumpre um papel muito importante, pois é ela quem define os investimentos que serão feitos e a demanda do consumo. Se você acha que vai perder o emprego, não irá consumir. Revista da ESPM — O que fazer para o país acelerar esta recuperação? Loyola — Para que o Brasil engrene num processo de crescimento mais acelerado é preciso avançar em re- formas. O ajuste das contas públicas só virá com uma reforma da Previ- dência, é preciso também aprovar esse teto de gastos públicos e promo- ver uma reforma no nosso sistema tributário, que é muito complexo. E tem ainda uma série de medidas para implementar investimentos em infraestrutura e serviços. Revista da ESPM — Nessa agenda de reformas, o que podemos esperar que saia até o fim do ano que vem? Loyola — Pelo que foi sinalizado pelo presidente Michel Temer e pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, a proposta de limites de gastos dos estados e da União tem uma boa chance de ser aprovada. E a reforma da Previdência, eu acredito que possa acontecer ainda este ano, para ser aprovada no início do ano que vem. Nós precisamos aproveitar essa janela de oportunidade, porque em 2018 o mundo político estará às voltas com as eleições gerais e, evidentemente, o espaço para fazer uma reforma é bemmais reduzido. Revista da ESPM — Sendo realista, é pouco provável que o Brasil consiga su- perar uma média fraca de crescimento de 2% ao ano até o fim desta década? Loyola — Esse é o tamanho das pernas que o Brasil tem hoje. Sem reformas, o país não consegue cor- rer mais que 2% a 2,5% ao ano. Isso só acontece quando temos um vento favorável do mercado externo ou porque o país está excedendo a sua capacidade e em algum momento tem de parar. É por esse motivo que vivemos esses ciclos de voo de gali- nha que desperdiçam capital inves- tido pelas empresas e não ajudam o país a superar suas desigualdades sociais. Em resumo, o que o Brasil precisa é de aumento da produtivi- dade e de investimentos. E para isso dependemos de reformas. shutterstock No fimdascontas, oqueoclientequer é reduzir osseusproblemas, diminuir oseu nível de incertezas. Elenãoquer sesentir cegonomeiodaneblina
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