RESPM JUL_AGO 2016
Panorama Revista da ESPM | julho/agostode 2016 28 Oartigo“Desafiosrelacionaisnaspráticasdegestãoede organização”, escrito por EduardoDavel e SylviaConstant Vergaraepublicadoem2005na RevistadeAdministraçãode Empresas ,jáabordaaquestãoaotratardeempresasconven- cionais:“Umaorganizaçãoéumcamposempresusceptível à incerteza, no qual é impossível desfrutar de estruturas e processos organizacionais que sejampermanentemente racionais”. Osautores tambémquestionam:“Porquealitera- turaorganizacionalvigente,precipuamentedebasefuncio- nalista,aosupostamenteenfatizarrelações,ofazporconta dapanfletagemsedutoradosmodismosedojogopolíticode validaçãodeteorias(comoapresentaMichaelReed,nolivro Teorização organizacional: um campo historicamente contes- tado ,de1999)?Procedendoassim,teóricosepesquisadores não acabampor reforçar e confirmar a prática alimentada pelacrençadequeémaisimportanteeprodutivocoisificar equantificardoquesingularizar ehumanizar?” Os reflexos dessa postura inflexível ficam geralmente mais visíveis quando, emmomentos de incerteza, o ges- tor se apega à lógica prescritiva dos processos e seus indi- cadores—busca ser extremamente racional edecidir com base emanálises igualmente racionais. Nocaminhocon- trário, portanto, está a lógica da negociação e do enfren- tamentodoclimade insegurança comalguma informali- dade, o que tenderia a gerar mais resultados positivos do que a inflexibilidade. Sabe-se ainda que as exigências estabelecidas pelos processos, por meio dos treinamentos e do impulso das formasderemuneraçãoemfunçãododesempenho,podem fazer surgir na organização o decoupling , que é “umcerto nível de separação entre o discurso e a prática”. Tal efeito édescritonasobrasdeWalterW. Powell ePaul J.DiMaggio ( The new institutionalism in organizational analysis , editora UnivertityofChicagoPress, 1991) e JohnW.Meyer eBrian Rowan ( Institutionalized organizations: formal structure as myth and ceremony , editora Univertity of Chicago Press, 1997): “Onecessáriopara que a organizaçãopossa atingir aeficiênciasimbólicaeaeficáciatécnicadequenecessita”. Quando,pormuitotempo,osprocessosdefinidossedis- tanciamdaprática, aconsequência sãoa incredulidade, o ceticismo e as frustações. Numambiente de criação inte- lectual, essa dicotomia gera também um certo cinismo — e essa é mais uma boa razão para estudar muito bem a implantaçãodecontroledeprocessosemorganizações4.0. Noartigo“Desafiosrelacionaisnaspráticasdegestãoede organização”,VergaraeDavelsugeremrepensaraformade agirnasorganizaçõesepropõemafiguradeumgestorrela- cionalcomcaracterísticasdescritasporTonyWatsoncomo: • “Ogestor relacional deveacreditarnasabedoria intrínseca das pessoas edos processos, tentando estabelecer o ritmo e o fluxonatural das relações organizacionais. Ele evita contro- lar os processosmecânicos que geramresultados ou tomar decisões desnecessárias para controlar pessoas e sistemas”. • “O aspecto importante da prática do gestor relacional é que ele deve estar atento às redes de relações que compõem o conjuntoorganizacional comoumtodo, emvez de atentar para as partes localizadas e individualizadas”. 4. Administre o informal É importante entender e aceitar que a racionalidade do processo formal e as emoções do informal estão entrela- çadas no dia a dia, bem como na evolução das organiza- ções. Organizações 4.0, como, por exemplo, as startups, normalmenteevoluemcomumaestrutura informal enos momentosdecrescimentooptampelaestruturaçãomais formal das suas rotinas. A boa convivência do formal e do informal nas orga- nizações está bemconceituada no best-seller Liderança fora do quadrado , de Jon R. Katzenbach e Zia Khan (Edi- tora Elsevier Campus, 2011). As características dos dois modelos — o formal e o informal — estão apresentadas na tabela ao lado. Estrutura formal Estrutura informal Eficiente Adaptativo Expansível Local Previsível Inovador Controlador Motivador Claro Ambíguo Disciplinado Espontâneo Hierárquico Colaborador Racional Emocional Administração
Made with FlippingBook
RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTcx