RESPM JUL_AGO 2016

posicionamento Revista da ESPM | julho/agostode 2016 38 Averdade é que odesafioda gestãona era emque vive- mos tornou-se muito maior do que no passado. Enfren- tamos umperíodo de grandesmudanças, marcado pela transição da era da produção para a nova era da informa- ção, dado confirmadopelameteórica ascensão e valor de mercado de empresas como Microsoft, Google, Apple, Samsung, Amazon e Facebook, entre tantas outras. Oque caracteriza as organizações da nova economia é a capacidade de gerar valor por meio das ideias e não mais pelos ativos tangíveis, tais como fábricas, instala- ções, máquinas ou ainda a capacidade produtiva. Oque temvalor é opotencial de geraçãode negócios e a capaci- dade demobilização de pessoas, tendo como principais fontes de recursos serviços e produtos, frutos de ideias inovadoras, novas patentes e meios de conexão digital que lhes permitam prestar serviços a milhares de pes- soas de forma global. Anova economia vemacelerando o ritmo dasmudan- ças e impactandoamaneirade fazer negócios.Muito já se falou sobre o AirBnB, o site de aluguéis de casas e apar- tamentos, com valor de mercado de US$ 25,5 bilhões, atualmente a terceira empresamais valiosa da indústria hospitaleira, semque possua umsó imóvel no seu ativo. Mas a velocidade imposta pelas novas tecnologias traz desafios ao planejamento e à gestão das empresas que necessitam aprender a reconhecer as mudanças imi- nentes e a desenvolver habilidades inovadoras. Esse é o grande desafio da alta administração das empresas no novo milênio. Infelizmente, companhias nacionais já estabeleci- das nem sempre conseguem enfrentar essas mudan- ças constantes. Ao que parece, falta um ímpeto inova- dor na gestão empresarial brasileira e essa afirmação é sustentada pelo número de patentes válidas no Bra- sil. Um levantamento feito pela Organização Mundial de Propriedade Intelectual (Ompi), com os 20 maiores escritórios de concessão de patentes domundo, aponta os Estados Unidos emprimeiro lugar no ranking, coma produçãode2,2milhõesdepatentesem2012.Nasegunda posição aparece o Japão (com 1,6 milhão de patentes), seguido por China (875 mil), Coreia do Sul (738 mil) e Alemanha (549 mil). Já o Brasil aparece na 19ª coloca- ção, com41.453 patentes — somente 211 patentes amais que onúmero registrado pela última classificada, a Polô- nia. Diante deste panorama, a pergunta é: se vivemos numa economia em que os ativos mais valiosos são os intangíveis, como softwares, modelos de gestão, novas tecnologias e ferramentas de conectividade, como ire- mos competir numambiente global inovador comuma atuação tão fraca e sem foco estratégico em soluções e novos modelos de negócios inovadores? A preocupação em relação ao descompasso do Brasil no que diz respeito à inovação se torna aindamais com- plexa quando notamos que essemovimento afeta todos os tipos de negócios. Basta relembrar o caso da Kodak, que viu seumercado ser varrido pelas câmeras digitais, ou ainda a rede norte-americana locadora de filmes Blo- ckbuster, que fechou as portas de todos os seus estabele- cimentos ao ser substituída pela TV a cabo. Agora, a TV a cabo passa por uma situação parecida ao assistir ao crescimento do Netflix. Outro exemplo é o tão falado e perseguido Uber, que incomoda — emuito — ao ameaçar omodelo tradicional de serviços de táxi. Essas opções disruptivas que utilizam aplicativos digitais para atender necessidades dos clientes e consu- midores foramprevistas em1965, pelo então presidente da Intel, GordonMoore. Ele profetizou que o número de transistores dos chips teria um aumento de 100%, pelo mesmo custo, a cada período de 18meses. Essa profecia tornou-se realidade e confirma que a tecnologia de hoje será superada emumano emeio por algomuitomelhor, mais rápido e mais barato. Ocaminho da inovação passa pela oferta de soluções demaior valor aos clientes, pormeiodenovos produtos e serviçosoupor umamudançasignificativanosprocessos produtivos, capaz de reduzir custos e tornar a empresa mais competitiva. O objetivo é criar diferenciais com- petitivos difíceis de serem imitados, limitando a ação dos concorrentes e preservando mercado e lucro, que irão garantir umpróximo ciclo de prosperidade para as empresas inovadoras. Inovar e prosperar em ambientes competitivos, porém, não é resultado de rompantes criativos surgidos Como iremos competir numambiente global inovador comuma atuação tão fraca e semfoco estratégico emsoluções e novosmodelos de negócios inovadores?

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