RESPM JUL_AGO 2016

Planejamento estratégico Revista da ESPM | julho/agostode 2016 72 consultores externos que tenhamuma visãomais abran- gentedas variáveis relevantesparaodesenvolvimentoda capacidade de adaptação da organização. Emgeral, as organizações segmentamo ambiente em diversas partes para facilitar a sua compreensão. Toda- via, a organização e o ambiente constituem partes de um sistema, que representa um conjunto de elementos interligados, cada qual tendo umpapel de atuação sobre todo o sistema. Um sistema não deve ser compreendido simplesmente segmentando os seus elementos consti- tuintes, pois a interação desses elementos é que gera o comportamento dinâmico do sistema. Alémdisso, cada elementodosistemaouvariável organizacional está inse- rido emuma rede de relações intrínsecas, oque aumenta a complexidade do entendimento das relações entre as variáveis e o desempenho da organização. É necessário, portanto, o uso de abordagens sistêmicas na constru- ção e interpretação do impacto dos cenários no negócio. Logo, emumprocesso de planejamento orientado por cenários, a visão sistêmica e a formação multidiscipli- nar da equipe de consultores devemser elencadas como fatores relevantes no processo. Basicamente, uma ativi- dade da consultoria nesses casos envolveria a assesso- ria na construção de cenários futuros, convergindo para o desenho de um plano de ação organizacional que lide comamaior partedas incertezasdetectadasnoprocesso. Nessecampo, trêsgruposdeconsultoriasexternascos- tumam atuar. O primeiro é formado por consultores per- tencentes a organizações de grande porte e reconhecidas internacionalmente, que trazem a experiência interna- cional para o mercado local. Normalmente possuem téc- nicas desenvolvidas e testadas emdiversos mercados. O segundogrupoé formadopor profissionaisqueatuampor um longo período em um setor e prestam assessoria de forma independente, têmmenor estrutura, são mais em conta e possuem uma grande rede especializada de con- tatos emumadeterminadaárea. Oterceirogrupoenvolve uma tendênciamais recente, que é a constituição de con- sultoriasespecializadasdentrodeuniversidadesdeponta. A principal característica desse tipo de consultoria é que ela, emgeral, envolve uma equipe de consultores-pesqui- sadoresespecializadosemsolucionarproblemas,cobrindo facetas easpectosdiferentesdoambienteenormalmente não restritos a visões emetodologias específicas. Como exemplo recente do uso desse tipo de aborda- gem no processo de planejamento, podemos citar um caso que envolve o sistema de transporte público de pas- sageiros por ônibus da cidade de São Paulo. Esse sistema passou por inúmeras alterações na forma de concessão ao longo das últimas décadas. Na década de 1980, o sis- tema era ofertado essencialmente pelo setor público. Em 2015, o sistema tinha 1,3mil linhas, 15mil ônibus e 241 milhõesdepassageirostransportados,emmédia,pormês. O tamanho natural desse sistema de transporte mostra a complexidade de operacionalização e de fiscalização. No entanto, por seu tamanho, tal sistema se tornou atrativo para empresas interessadas nesse mercado, o que demandou umplanejamento estratégico tanto para o setor privado, considerando a obtenção do direito de exploração do serviço, quanto para o setor público, con- siderandoa regulamentaçãoe a supervisãodo sistemade transporte.Nessesentido, ogovernovemestudandoepro- pondo novos modelos de concessão do serviço de trans- porte por ônibus na cidade de São Paulo. Muitas dessas propostas surgemcomo respaldo técnicodeconsultorias contratadas para desenhar e analisar cenários possíveis. Oestudo técnico, intitulado Análise de modelos de con- cessão e governança para sistemas de transporte público cole- tivo de passageiros, por ônibus, na cidade de São Paulo , foi elaboradopelaAgênciaNacional deTransportesPúblicos (ANTP)eumconsórciocompostodeconsultoriasindepen- dentes, sendomuitosdesses consultorespertencentes ao quadro de professores de algumas dasmais importantes instituições de ensino do país. Ogrupodeconsultoresbaseou-seemexperiênciasinterna- cionais,pesquisasacadêmicaseestudospréviosrealizados sobresistemasdetransportes,identificandotrêsvariáveis- chaveutilizadasnaelaboraçãodeummodelodeestudodos impactos geradospormudançasnosistemade transporte. Comisso,forampropostoscenáriosfactíveisdecomparação queservemdebaseparafuturaslicitações.Dastrêsvariáveis- chavederivamdiversasrelaçõeseconsequênciasparaosis- temadetransportequeaquiserãoomitidas,maspodemser obtidas no estudo original, disponível emhttp://files.antp . org.br/2016/3/2/caderno-19_2.pdf. Asvariáveis-chavesão: Aelaboraçãode possíveis cenários está ajudando o governo a tomar decisões no presente e pensarmelhor o futuro. Éa essênciadoplanejamentopor cenários

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