RESPM JUL_AGO 2016

julho/agostode 2016| RevistadaESPM 73 • A forma de remuneração dos operadores . Esse é um itemde extrema importânciaparaa viabilidade econômica do sistema de transporte. O estudo técnico criou três cená- rios: remuneraçãodos operadores baseadano custodaope- ração, o que pode incentivar os operadores a não atender a demandadepassageiros; remuneraçãopor demanda, oque atrelaria a remuneração dos operadores a pegar omáximo de passageiros; e remuneraçãomista entre os doismodelos. • Oprazode concessão .Esteprazodeconcessãodoserviço de transporte público por ônibus afeta diretamente a remu- neração dos operadores e, por conseguinte, o gasto público. O prazo deve observar a vida útil (depreciação) do capital empregado para a realização dos serviços de transporte e o temponecessárioparaa recuperaçãodo investimentopelos operadores. Alémdomais, durante esseperíodo, espera-sea ocorrênciademudanças estruturais, políticas e tecnológicas. • Garagens . Há duas formas de concessão de capital. Uma consideraasgaragens eospátiosparaoabrigoeamanuten- çãodafrotadeônibus,ouseja,aprefeituradevedesapropriar terrenos e indenizar os proprietários paraaoperaçãodo sis- tema. Jáaoutra formanão inclui as garagens e os pátios, ou seja,osoperadoresdevempagarpelosaluguéis,oquelhesgera umaumento no custo operacional e diminui a competição. Com base na análise dos cenários, foi possível mos- trar que, do ponto de vista social, não basta um ser- viço ser economicamente viável. É preciso também que o sistema atenda aos anseios da sociedade em relação à frequência, qualidade do serviço prestado e tempo de espera. Dessa forma, novas variáveis, como suposição de multas e penalizações, foram incluídas nos cenários para testar essas situações. Com isso, os consultores avaliaram o impacto sobre o modelo atual de sistema de transporte por ônibus e fizeram recomendações estratégicas, cabendo aos gestores públicos escolherem e implementarem as modifica- ções. Portanto, a elaboração de possíveis cenários está ajudando o governo a tomar decisões no presente e se planejar melhor para o futuro. Essa é a essência do planejamento por cenários. Por fim, percebe-se que, em projetos desse tipo, a abrangência e relevância das relações entre as variá- veis envolvidas é crucial. A proposição de melhorias demanda um forte poder de abstração, conhecimento sistêmico e técnico por parte dos consultores envol- vidos. Organizar de forma lógica e tangível todas as variáveis envolvidas é o desafio enfrentado, além da flexibilidade necessária para lidar com todas as partes interessadas no negócio. Por este motivo, os serviços de consultoria comenfoque sistêmico vêmassumindo umpapel de destaque na elaboração de estratégias para as organizações em ambientes complexos, sejam ins- tituições públicas, sejam empresas privadas, pois em geral possuem habilidades desejáveis para esses pro- jetos. Fatores com alto nível de capital humano unidos aos centros de excelência de ensino superior surgem como uma alternativa para melhorar o planejamento e o desempenho das organizações em situações que envolvem cenários complexos. Esta é uma alternativa que tende a ser cada vez mais utilizada. Júlio César Bastos de Figueiredo Coordenador acadêmico das áreas de gestão de operações, tecnologia da informação e métodos quantitativos aplicados dos cursos de pós-graduação da ESPM e professor do Programa de Mestrado e Doutorado em Gestão Internacional da ESPM Igor Jordano Cassemiro Gondim Matemático pela USP, mestre em finanças pela University of Lugano (Suíça), doutorando em gestão internacional, professor de pós-graduação da ESPM e consultor associado da Pezco Consultoria Aabordagempor cenários foi utilizadanadefiniçãodo sistemade transportepúblicodacidadedeSãoPaulo shutterstock

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