RESPM JUL_AGO 2016
entrevista | CARLOS MEDEIROS Revista da ESPM | julho/agostode 2016 82 Revista da ESPM — Como surgiu a Abracem e que iniciativas ela tem tomado para promover a atividade dos consultores independentes? Carlos Medeiros — Como insti- tuição, ela começou em 2004, mas está ativa, efetivamente, de 2008 para cá. Na época, eu dedicava uma parte do tempo a meus negócios de consultoria e outra atuando no de- senvolvimento da Abracem. Eu tra- balho no setor de saúde e, como au- tônomo, sempre senti a necessidade de me juntar a outros profissionais com o meu perfil. Precisávamos formar uma representação que reu- nisse tantos consultores dispersos e nos permitisse apresentar perante os clientes e as mais diversas enti- dades com quem interagimos. Ao mesmo tempo, essa associação teria por objetivo oferecer capacitação, o que não é uma tarefa fácil, porque temos diferentes tipos de consulto- ria e muita dispersão na atividade. Revista da ESPM — Qual é o perfil dos associados da Abracem? Medeiros — Temos em torno de qua- tro mil profissionais, sendo 25% consultores de diversas áreas e ati- vidades dispersas. Outros 25% são constituídos de profissionais libe- rais, com nível técnico, entre eles, engenheiros, contadores, advoga- dos, tecnólogos. Entre os demais, há muita gente que se encaixa como empreendedores individuais, es- tudantes e microempresários que olham a Abracem como um espaço para se aproximar de empresas, na base da isca e do anzol, como se fala- va há dez anos. Revista da ESPM — Como vocês identificaram essas carências que os profissionais têm em seu dia a dia? Medeiros — Conseguimos identifi- cá-las por meio da proximidade com os associados. De que forma? Uma das principais é como preparar um bom escopo de projeto que realmen- te atenda às necessidades do cliente. O desafio para o consultor é saber extrair do cliente o que de fato ele precisa. Como eu disse, não existe tabela de preços, como na OAB e em outras entidades. Contamos com fontes de referência externas, como a própria ESPM, de quem adaptamos os conteúdos de design thinking para a realidade do consultor, mapeando fragilidades e a filosofia da experiên- cia colaborativa. Estamos organizan- do um fórum que terá 25 participan- tes por turma, focado nesses novos conceitos de trabalho. Revista da ESPM — Quais são as maiores fragilidades da profissão de consultor independente? Medeiros — Poderíamos dividi-las em quatro grupos. Em primeiro lugar, te- mosmuita dispersão dos consultores. Depois, há a ausência de representa- ção legal. O terceiro ponto é a falta de especialização: a consultoria faz um pouco de tudo, muitas vezes sem foco num determinado setor ou especia- lização. Por último, aparece a falta de competências e a ausência de reputa- ção para executar o trabalho de con- sultoria. As barreiras de entrada na profissão são muito pequenas. Todo mundo pode ser consultor. Aqueles que estão no topo têm a sua carreira garantida e uma boa carteira de clientes. Eles não se importam com a avalanche de concorrentes que entram no mercado todos os dias. Quem está na faixa intermediária, porém, sofre com essa concorrência sem preparo e que é predatória para o trabalho de consultor. Revista da ESPM — Há muitas ati- vidades terceirizadas, mas de perfil operacional e técnico dentro da empre- sa, como TI e marketing, por exemplo. No mercado são vendidas muitas vezes como consultoria. Isso não prejudica a imagem do consultor? Medeiros — Existem muitos concei- tos de consultoria, não há fronteiras bem definidas. Existe a consultoria executiva de gestão. Um exemplo: na área de RH, pode fazer análises e le- vantamentos. Um advogado faz pare- cer sobre determinadas tarefas. Tudo depende de o cliente pedir o serviço. Isso é um desenvolvimento operacio- nal, um serviço especializado, objeto de certas consultorias. Há opiniões divergentes. Para uns, os trabalhos de execução não entrariam no cam- po da consultoria. Conforme alguns autores, a governança corporativa, que trabalha com as estruturas da empresa, seria um trabalho próprio de consultoria. Não há um consenso, unanimidade nessamatéria. Revista da ESPM — Como definir o trabalho do consultor? Medeiros — Há muita gente que trabalha como assessor ou até con- selheiro. Eles entram para dar su- porte ou resolver determinados problemas da empresa. São tarefas que não têm nada — ou muito pouco
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