RESPM_MAR_ABR 2016
março/abril de 2016| RevistadaESPM 101 shutterstock Q uandoo governobrasileiro criouoPrograma Nacional de Produção e Uso de Biodiesel, o PNPB, em janeiro de 2005, ninguém sabia ao certo qual seria o futuro dessa iniciativa. Resultado da parceria da administração pública com o setor privado numa atividade econômica sustentável, o empreendimento introduziu amais recente novidade tecnológica da cesta de energias renováveis na matriz veicular do país. Os benefícios do biodiesel no meio ambiente e na saúde humana são bem conhecidos. O que poucos sabem é que ele também agrega valores de sua cadeia produtiva na economia como um todo. O óleo renová- vel está entre os cem principais produtos industria- lizados do país. No ano passado seu processamento gerou uma receita bruta de R$ 8,7 bilhões e economi- zou R$ 1,9 bilhão nas importações do seu primo mine- ral, o óleo diesel, no qual o biodiesel está presente na proporção de 7% por litro. Em 2012, a Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio) encomendou umestudo à Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe/USP) sobre o impacto econômico da produção de biodiesel no período de 2008 a 2011, quando o percentual damistura passou de 2% para 5% por litro de diesel. Entre outros aspectos, a Fipe identificou que a oferta interna de biodiesel no período reduziu os desembolsos nas compras externas do óleo fóssil emR$ 11,5 bilhões. Nomesmo intervalo de tempo, a atividade produtiva do biocombustível agregou R$ 12 bilhões ao PIB. Sua pro- dução gera 113%mais empregos que a do refino do deri- vado de petróleo. Nomeio ambiente, as vantagens de seu emprego são aindamais evidentes e transversais, perpassando esses segmentos demaneira a fazer de uma consequência do outro.Obiocombustívelemitemenosgáscarbônicodoque a queima de diesel, algo entre 8% e 10%, dependendo da metodologia adotada por quemse debruça sobre o tema. O estudo da Fipe mostrou ainda que o maior uso de biodiesel naqueles anos evitou a emissão de 11milhões de toneladas equivalentes de CO 2 . Outro trabalho pre- parado para a Aprobio, dessa vez sobre os efeitos do óleo renovável na natureza — desde a plantação das matérias-primas para seu processamento até a com- bustão nos motores —, constatou que a redução de CO 2 em toda a cadeia produtiva pode superar 70%. Estu- dos similares chegaram a resultados semelhantes. Obiodiesel contribui para o país cumprir asmetas de redução de emissões de gases de efeito estufa assumi- das nas conferências do clima dasNações Unidas desde a COP-15, em Copenhagen, em 2009, até a COP-21, em Paris, que foi realizada emdezembro do ano passado, a ponto de constar das propostas da delegação brasileira nas duas ocasiões. Em2013, a Câmara Setorial de Olea- ginosas e Biodiesel doMinistério da Agricultura fez um relatório mostrando que cada ponto percentual a mais de biodiesel nos tanques de combustíveis corresponde a plantar sete milhões de árvores. No começo da atividade produtiva do biocombustí- vel, a aposta do governo na mamona como principal matéria-prima, vetor de desenvolvimento da agricultura familiar noNordeste, não se confirmou. Faltava viabili- dade comercial e técnica para absorver o alto custo de produção e processamento da sua semente, bem como de produtividade, sem falar na seca que há anos atinge a região sazonalmente. Na época, somente o complexo da soja detinha escala suficiente para a oferta de maté- ria-prima e instalações adequadas à produção do óleo vegetal, fonte do biodiesel. O entusiasmo como novo filão domercado nacional de combustíveis foi tanto que o B5, nome técnico para a mistura de 5%, programado para 2013, acabou chegando em2010. Naquele ano, o parque fabril já se consolidava comR$ 4 bilhões investidos na construção de 65 usinas, em projetos de inovação tecnológica e de qualificação profissional para mais de cemmil empregos gerados. Essa antecipação de três anos acabou estagnando o setor por outros cinco. Depois de crescer 40% entre os anos de 2008 e 2010, a produção estacionou em 3% de crescimento até o fim de 2014. No começo daquele ano mais de 30 plantas paralisaramsuas operações à espera de ummomento mais favorável para voltar a produzir. Algumas abandonaram o mercado. Em2015, oBrasil produziu3,94bilhões de litrosdebiodiesel, oquenos faz disputarcomaAlemanhao2º lugar naproduçãomundial, atrásdosEUA
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