RESPM_MAR_ABR 2016
março/abril de 2016| RevistadaESPM 103 Como óleo renovável, oBrasil economizouR$ 1,9 bilhão nas importações de óleo diesel, no qual o biodiesel está presente na proporção de 7% por litro Realizado com o apoio da Aprobio e o suporte téc- nico da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, o trabalhomostrou que o uso progressivo de bio- diesel reduz o número de internações hospitalares por problemas respiratórios, gerando uma economia de mais de R$ 2 bilhões para os sistemas de saúde dessas cidades até 2025. Não restam dúvidas de que o biodiesel ajuda no com- bateàpoluiçãonoplaneta,masdaí aganhar dinheirocom ele, só em grande escala. Assim como todas as commo- dities, o óleo proporcionamargens apertadas de receita, pois o preço do litro é definido dois meses antes da pro- dução, no leilão da ANP. E aí influem as cotações da soja no pregão da Bolsa de Chicago, a variação cambial, os humores do mer- cado financeiro internacional, o custo dos insumos etc. Basta um soluço da China para afetar vários setores mundo afora. Sem falar do preço da soja no Brasil, bem como do sebo bovino, outra importante matéria- prima do biocombustível. Para nós, produtores, o funcionamento de uma usina envolve cuidados técnicos e de segurança operacional, que demandam investimentos permanentes na manu- tenção de um padrão de qualidade indispensável para assegurar mercado no abastecimento de combustíveis. Cumprir as exigências da ANP custa caro, em termos de tecnologia de ponta. Por isso, o sucesso do negócio está em administrar custos para atingir um ponto de equilíbrio que remu- nere commodicidade os investimentos que o viabilizam. Neste cenário, a logística é fundamental para decidir onde implantar a usina. Se perto dos centros de distri- buição ou do cultivo das matérias-primas, o perfil da empresa é que dirá. Há quemprefira receber asmatérias-primas na porta da usina. Outros têm centros de recebimento de grãos — quem trabalha com diversas culturas agrícolas para a exportação, por exemplo — para levá-los às unidades processadoras. Nos países de forte perfil exportador, as indústrias costumamficar nos portos, como na Argentina, omaior exportador de biodiesel do mundo, até há alguns anos. A soja está a uns 300 quilômetros do porto, mas as usi- nas estão lá, em Rosário, Santa Fé ou São Lorenzo, no rio Paraná, próximas aos grandes complexos de proces- samento de soja. NaChina, omesmonavioquechegacomsoja importada partecomogrãoeoóleoprocessadosnoporto. Antuérpia, Hamburgo e o polo de Cubatão seguem a mesma lógica. Quem se situa perto de linhas férreas obtém signifi- cativos ganhos de logística na equação tempo e volume transportado. Um caminhão transporta 40 toneladas de biodiesel. Um trem, quatromil. Embora o transporte ferroviário seja até mais caro e demorado, o volume transportado compensa economicamente e ainda retira dezenas de caminhões das estradas. Dá para ganhar dinheiro melhorando a qualidade de vida das pessoas, sim. Mas a questão é quanto custa a fixação do homem do campo em sua lavoura, o aprimo- ramento da pauta de exportações com produtos indus- trializados (de valor agregado) e as vidas salvas por se respirar um ar menos contaminado. Erasmo Carlos Battistella Presidente da Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio) latinstock
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