RESPM_MAR_ABR 2016
Revista da ESPM |março/abril de 2016 106 Combustível Nós podemos conectar a situaçãobrasileira comesses elementos da seguinte forma: • Oetanol provoca inovações no setor agrícola e nas indús- trias de processamento e automotiva, com o intuito de fornecer aos consumidores um combustível mais barato. • Osistemade distribuiçãode combustível e a fabricaçãode motores, que envolve uma cadeia inteira de fornecimento, têm sido afetados pelo transporte de sistema sociotécnico. • No lado do agronegócio, usinas de cana-de-açúcar, que concentram sua produção e pesquisa nas regiões Sudeste e Nordeste do Brasil, têm alcançado economia de escala, alémdapropagaçãoda tecnologiade combustível paraalta produtividade das fazendas e usinas de produçãode etanol. • Toda a cadeia de valor do etanol é integrada e influen- ciada severamente por atores sociais envolvendo progra- mas de apoio à pesquisa e sustentabilidade. • A produção de etanol pode ser mapeada a partir da década de 1930, quando foi influenciada pelo progressivo envolvimento dos atores sociais e mudança social. Uma inovação institucional, tecnológica e comercial em uma cadeia de valor de produção diz respeito a três grandes forças econômicas e políticas: o ambiente ins- titucional e organizacional (nível macro); os mercados (nível meso); e as organizações (nível micro). Na década de 1970, a crise do petróleo proporcionou o incentivo institucional para que o governomilitar bra- sileiro instituísse o Programa Nacional do Álcool (Pro- álcool). O principal objetivo desse programa, apoiado por lei e investimento público, era o de encontrar alter- nativas ao combustível fóssil. Oliver E. Williamson, no artigo Transaction cost economics and organization theory (1993), argumenta que o ambiente institucional fornece regras fundamentais (direitos de propriedade e da lei), que induzem a formação de diferentes tipos de organizações que, por sua vez, estruturamo arranjo institucional. Com os incentivos do Proálcool, várias indústrias agrícolas começaram a produzir etanol e a indústria automotiva passou a desenvolver moto- res que poderiam funcionar exclusivamente com este novo combustível. De acordo comMancur Olson, autor de The logic of col- lective action: public goods and the theory of groups (Editora HarvardUniversity Press, 1965), toda organização repre- senta um grupo de indivíduos com interesses comuns. Organizações desenvolvemações coletivas quemaximi- zamo valor dos fundadores e tentamaumentar a compe- titividade. Dois grandes exemplos de organizações brasi- leirasnacadeiadevalordoetanol são aUniãoda Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) e a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Organizaçõespúblicas eprivadas tambémcontribuem para a competitividade do ambiente. No que diz respeito à inovação na produção de etanol, há duas organizações depesquisas: oCentrodeTecnologiaCanavieira (CTC) ea EmpresaBrasileiradePesquisaAgropecuária (Embrapa). A Embrapa é uma instituição federal e agência pública de inovação para o setor agrícola, umcentro de especia- lização individual presente em quase todas as regiões do Brasil. Já o CTC é um exemplo de investimento pri- vado em inovação agrícola, por meio do patrocínio de empresas que apoiam pesquisas com celulose, etanol, biotecnologia, agronomia, aferições, rural emecaniza- ção industrial, cana-de-açúcar e produção de etanol, alémde bioenergia. Juntos, Embrapa e CTC poderiam mudar signifi- cativamente as normas-padrão que ditam as vanta- gens competitivas no mercado. Em outras palavras, mudanças nas estratégias individuais podem alterar o ambiente competitivo de ummercado e, consequen- temente, o ambiente institucional. A forma como as organizações interagem é particularmente impor- tante para a dinâmica competitiva. Temos desenvolvido ummodelo, combase emseme- lhanças encontradas nas inovações tecnológicas, comerciais e institucionais da indústria brasileira de etanol, que considera a evolução da inovação tec- nológica para o mercado adotado, com as mudanças institucionais que regem o processo. Omodelo encon- tra-se sumarizado na Figura 1. Os bicombustíveis proporcionaram mudanças ambientais e econômicas significativas, alémde inovações como a criaçãodomotor flex
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