RESPM_MAR_ABR 2016
Revista da ESPM |março/abril de 2016 108 Combustível do açúcar. Várias medidas posteriores renovaramesse incentivo até que o mercado de etanol fosse estabele- cido e pudesse ser completamente desregulamentado em 1999. Do ponto de vista do consumidor, os preços garantidos deveriamsermais baixos que os do petróleo, uma situação criada pelos subsídios governamentais quando os custos de produção excediam os preços de produção de petróleo. Adesregulamentação domercado pôs fim a este incentivo. Na época em que este artigo estava sendo escrito, os preços de produção de etanol variavam significativamente, dependendo da região produtora, e flutuavamde acordo como preço interna- cional do açúcar — que concorre com a matéria bruta para o etanol no livre mercado. A produção de etanol costuma sermenos custosa que a de gasolina nas regiões Sul e Sudeste, principalmente em São Paulo, que é o principal centro de consumo. Na produção de etanol, a estrutura de governança baseia-se na forte relação entre agricultura e indústria, que fornece suporte para o rápido crescimento na escala de produção. A indústria de cana-de-açúcar tem usado essa economia de escala para investir em agricultura e inovação da indústria. A maior parte dessa inovação tem sido impulsionada não só pela eficiência ou pelas metas de produtividade, mas também pela questão da sustentabilidade. Em2014, entrou emoperação a primeira planta indus- trial para a fabricação do etanol de segunda geração ou celulósico. Nesse processo, o biocombustível é gerado a partir dos coprodutos da cana-de-açúcar, como a palha e o bagaço. Esta inovação permite incrementar ainda mais a produção anual de etanol sem a necessidade de aumentar a área cultivada. Na agricultura, as inovações incluem semeadura direta e rotações (com outras culturas), a cada qua- tro anos, técnicas que ajudam a conservar o solo e a qualidade da água. Além disso, graças à introdução de engenharia mecânica, a queimada ( cropburning ), processo utilizado na colheita humana, já não é mais necessária. Uma preocupação sempre constante na produção de etanol é a vinhaça, líquido muito úmido e rico em matéria orgânica (para cada litro de álcool produzido, sobram cerca de 15 litros de vinhaça). Pro- jetos estão sendo desenvolvidos para otimizar a uti- lização dessa vinhaça a partir da reutilização de sua água e da geração de gás. A Unica, maior associação privada brasileira de pro- dutores de etanol, contribui significativamente para a estrutura de governança de inovação da indústria e ofe- rece suporte à comunicação e à promoção dos produtos em outros países, como aponta o estudo Etanol e bioele- tricidade: a cana-de-açúcar no futuro das matrizes energé- ticas , publicado pela entidade em2011. O lado comercial da cadeia do etanol envolve desafios de inovação sobre as oscilações de preços. Os preços da gasolina e do diesel são controlados pelo governo, que Em2014, entrou emoperação a primeira planta industrial para a fabricação do etanol de segunda geração ou celulósico, no qual o biocombustível é gerado a partir dos coprodutos da cana-de-açúcar, como a palha e o bagaço Nadécadade 1970, a crise dopetróleo proporcionouo incentivo institucional paraque o governobrasileiro instituísse oProgramaNacional doÁlcool
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