RESPM_MAR_ABR 2016
março/abril de 2016| RevistadaESPM 109 também controla a porcentagem de etanol misturado à gasolina. O preço do etanol é menos controlado, depen- dendo das leis de oferta e demanda. Mercado repleto de energia OBrasil temo etanolmisturado à gasolina para uso com- bustível desde 20 de fevereiro 1931, quando o Decreto nº 19.717 determinou o uso de 5% de etanol misturado à gasolina importada. Durante a Segunda Guerra Mun- dial, o percentual de etanol atingiu níveis mais eleva- dos, como detalha Nelza Flores em sua dissertação de mestrado ( Política governamental de energia substitutiva — cana-de-açúcar . Do Proálcool ao etanol ), de 2010. Assim, a mistura de álcool com a gasolina tem sido uma solu- ção nacional histórica dada a escassez de combustível no mercado internacional. Em1973, quando a crise do petróleo atingiu a econo- mia brasileira, o país estava endividado e sofria com a inflação elevada e o fraco poder aquisitivo da moeda. Naquela ocasião, a produção de petróleo brasileiro foi muito inferior à demanda, forçando o Brasil a impor- tar petróleo para consumo interno. A estratégia de crescimento do país baseou-se em acumular dívida externa como forma de capitalizar a economia, o aumento das reservas internacionais e os desequilíbrios comerciais nos financiamentos externos. No entanto, o peso relativo do petróleo aumentou com a desvalori- zação da moeda brasileira, o aumento dos preços do petróleo no mercado internacional e o próprio cresci- mento da economia brasileira. A crise de 1973 impactou todo o mundo. Mas, embora a desvalorização da nossa moeda pudesse ampliar a exportação brasileira, isso só foi acontecer em razão das importações. Resultado: em 1979, o petróleo representou mais de um terço das importações totais do Brasil. O governo militar avançou com a ideia tradicio- nal de substituição do petróleo por etanol como com- bustível, instigando assim o programa do Proálcool. Tal iniciativa foi oficialmente anunciada pelo então presidente Ernesto Geisel em seu discurso televisio- nado no dia 9 de outubro de 1975 e sancionada no mês seguinte pela Lei nº 76.593. Entre 1975 e 1979, o programa procurou fomentar a produção de etanol para mistura ao combustível — uma tradicional resposta brasileira às crises de abas- tecimento do petróleo. O Proálcool tinha como prio- ridade conduzir a produção de etanol desidratado (99,5% de etanol puro), adicionado ao petróleo a uma taxa que não exigiria modificações nas engenharias dos motores (a proporção entre 10% e 15%, ou E1O e E15, respectivamente). Estudos posteriores mostra- ram que o conteúdo de etanol pode aproximar-se de 25% e requerer apenas adaptações menores na enge- nharia dos motores. O resultado é o gasohol (gaso- lina com álcool). Essa abordagem mantém-se, com efeito, no momento da escrita; a gasolina brasileira contém 25% de etanol (E25), desde 2007; a exata pro- porção pode variar de acordo com os níveis de forne- cimento de etanol. Em 1978, com o país à beira de um racionamento de petróleo que desacelerou o crescimento da economia, os representantes da indústria automotiva redigiram Aproduçãode etanol costuma sermenos custosaque ade gasolinanas regiões Sul e Sudeste, principalmente emSãoPaulo, que é oprincipal centrode consumo shutterstock
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