RESPM_MAR_ABR 2016

março/abril de 2016| RevistadaESPM 13 Pessoas,planetaelucro,otripé daeconomiasustentável Por Arnaldo Comin Foto: Divulgação P ensar em um mundo que proteja o meio ambiente e impeça uma catástrofe climática pressupõe sacrifícios. Se o leitor ainda estiver por aqui em 2050, quando ultrapassaremos a barreira dos dez bilhões de seres humanos, tal- vez estará sentindo saudade de sua ração regular de bife com batatas fritas. Para o acadêmico inglês John Elkington, considerado o pai da sustentabilidade corpo- rativa, um dos maiores desafios que a humanidade enfrentará nas próximas décadas será o de substituir o conceito de crescimento econômico linear por uma economia “circular”. Em outras palavras, uma sociedade menos dependente do consumo desen- freado, baseada em modelos de negócios que demandem recursos naturais em escala decrescente. O que em parte pressupõe uma dieta com cada vez menos proteína ani- mal para alimentar mais três bilhões de indivíduos que engordarão as estatísticas demográficas globais nas próximas décadas. Autor de quase 20 livros, entre eles o clássico The green capitalists ( Os capitalistas verdes , Editora Gollancz, 1989), Elkington é mundialmente famoso por ter cunhado o termo triple bottom line , que aponta os três pilares do futuro da economia sustentável: pessoas, planeta e lucro. Embora veja com preocupação como grandes e pequenas corporações em todo o mundo ainda não tenham despertado para a gravidade da si- tuação do clima, o professor e fundador da consultoria Volans Ventures destaca com entusiasmo o surgimento de uma nova geração de empresas — a Natura entre elas — e a ação de companhias tradicionais, como Danone e Unilever, que definitivamente abraçaram a causa da sustentabilidade. Elkington acredita que a agenda climática obrigará as grandes economias a tomar me- didas duras, impondo políticas ambientais que, em um primeiro momento, provocarão atritos comos investidores privados, como ocorre hoje no Brasil. Nesse processo, há, sim, o risco de quemedidas protecionistas desequilibremo comércio global emprejuízo às na- ções emdesenvolvimento. Conter essa ameaça, contudo, dependerámais de proatividade do que de atrito. “Para países como o Brasil, evitar a armadilha do protecionismo passa por desempenhar um papel cada vez mais construtivo nas negociações internacionais sobre sustentabilidade.”

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