RESPM_MAR_ABR 2016

março/abril de 2016| RevistadaESPM 15 ao seu redor? Parte da resposta é que esses executivos têm muitas outras coisas para se preocupar no curto e médio prazo, e não são recompen- sados por fazer a “coisa certa” em relação à agenda da sustentabilidade. Eles presumem que os governos vão resolver os problemas se eles se tor- naremumrisco real e —mais perigoso ainda — acreditam que os problemas vão evoluir em uma trajetória linear. As evidências sugerem que alguns problemas na natureza são exponen- ciais. Isso significa que, quando acor- damos para esses problemas, há o risco de termos ultrapassado a nossa capacidade de resposta. Revista da ESPM — Com base na experiência adquirida pelos 19 livros publicados e pelas inúmeras consulto- rias prestadas, quais as empresas que já conseguiram unir a sustentabilidade com a lucratividade? Elkington — Negócios são arriscados. Isso significa que qualquer empresa de qualquer setor e em qualquer lugar pode — e provavelmente vai — enfren- tar grandes problemas em um deter- minado momento. Assim, mesmo as empresas que abraçaram a agenda da sustentabilidade podem se de- cepcionar por causa de fatores mais amplos que afetem seus mercados. Umexemplo foi a Project Better Place, criada pelomilionário israelense Shai Agassi, em 2007, para oferecer postos de abastecimento de energia para veí- culos elétricos. O negócio parecia ter tudo a seu favor, mas deu de cara em uma parede e não prosperou. [Entre os principais motivos do fracasso da companhia teria sido a baixa adoção da tecnologia pelos consumidores e uma série de problemas de gestão]. Revista da ESPM — Onde está o equilíbrio? Elkington — Em alguns casos, tomar medidas na agenda da sustentabilida- de pode ajudar a reduzir os riscos para o negócio, mas em outras situações pode aumentar certos riscos. Mas falando de empresas que adotaram consistentemente essas dimensões de valores diferentes, eu citaria marcas como Natura (cosméticos), Interface (carpetes), Danone (lácteos) e Unilever (higiene e alimentos). Não podemos deixar demencionar tambémasnovas marcas, como a Tesla (veículos elétri- cos), que estão evoluindomuito rápido, para o desespero de seus concorrentes mais tradicionais e históricos. Revista da ESPM — Muitos consi- deram que a Conferência do Clima, a COP-21, realizada no fim do ano pas- sado, em Paris, protocolou um acordo histórico contra o aquecimento global. Como o senhor avalia os resultados e o que podemos esperar desse documento? Elkington — Politicamente foi um avanço e certamente excedeu as minhas (baixas) expectativas. Mas a verdadeira questão é saber se os governos se moverão de forma rápida e eficaz para derrubar as emissões de carbono e introduzir um modelo de precificação do comércio de carbono que possa ajudar as economias capi- talistas a alocar capital para as solu- çõesmais eficientes e sustentáveis. Revista da ESPM — Em uma de suas entrevistas, o senhor afirmou que ainda Omelhor momento para começar a limpar é ”ontem”! O ritmo da mudança está começando a acelerar de maneira totalmente nova shutterstock

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