RESPM_MAR_ABR 2016
Revista da ESPM |março/abril de 2016 22 Educação apenas no espaço do diálogo político. A transformação se refere a comportamentos sociais e, quantomais cla- ramente forem trabalhados nas instâncias de formação ética, como escolas, igrejas e associações sociais, de caráter político ou não, mais rápido e consistente será o processo. O âmbito mais importante, aquele em que a sociedade consegue ter algum controle do processo e acelerá-lo, é evidentemente o processo educativo. É na educação que se forjará a aceitação voluntária dos constrangimentos econômicos que afetam a todos. É preciso ter clareza de que essa transformação, já existente em germe nas engrenagens do mundo atual, tem, contudo, dimensão de umamutação histórica. Ela não deriva da lógica normal da vida, não é fruto de um impulso instintivo forte, embora tenha coexistido ao longo das eras, em alguma medida, com as tendências que levarama ummundo organizado em torno de inte- resses privados. Essamutação decorre de necessidades externas, algo que vem de fora do mundo dos homens para dentro. Esse impulso de transformação, que vem da sociedade para o indivíduo, é de natureza moral. Numdeterminadomomentodahistória,algunsséculos atrás,conheceranatureza,dominarseussegredoseexplo- rar suas potencialidades forama coisamais importante a se fazer, na vida e na escola. Visava preparar os jovens paraexplorar omundodaciência, queeraagrande carên- cia. Nesses500anosdemodernização, contudo, as carên- cias vieramsedeslocandodanecessidadematerial parao domínio relacional. No início damodernidade a riqueza era escassa e a moral abundante, terrivelmente abun- dante, se nos lembrarmos da Inquisição. A eramoderna emergiu com a humanidade se lançando à produção, ao comércio, à invenção, adespeitodamoral. Foi semdúvida bom, pois a moral herdada espalhava dor e sofrimento, gerando iniquidades de toda sorte. Hoje, a coisa mudou. O lado material da vida cami- nha para ser menos relevante do que a construção de novas atitudes e o compartilhamento de valores sociais. Os maiores ganhos virão cada vez menos da evolução tecnológica. Nesse domínio, o da técnica, avanços seguem pouco significativos em relação às necessida- des, o sistema produtivo segue apresentando inovações que, quase sempre, criam apenas necessidades novas. As soluções de sustentabilidade requererão opções de consumo diferentes e formas novas de investimento da riquezapessoal. Aofime ao cabo, amodernidade vingou, atingiu seu apogeu — e a balança pendeu para outro lado. As pessoas deverão estar predispostas a aplicar parte crescente de seus recursos emprodutos que serãomais caros,masmenos prejudiciais aomeio ambiente. Ociclo de vida de cada produto será dissecado e suas conse- quências assimiladas e incorporadas pelos usuários. As pessoas deverão optar por formas de energiamenos Ahumanidade precisará investir cada vezmais para preservar ahidrologia, pois a água doce é umrecurso essencial, que está ficando cada vezmais escasso O lado material da vida caminha para ser menos relevante do que a construção de novas atitudes e o compartilhamento de valores sociais shutterstock
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