RESPM_MAR_ABR 2016

Revista da ESPM |março/abril de 2016 26 Sociedade C oncentraçãourbanaeêxodorural sãohábitos humanosmilenares. Desde os tempos bíbli- cos a história registramigrações de grupos e etnias por uma vidamelhor, por proteção ou pela própria sobrevivência da espécie. Como tempo, seguindoa sagahumana, o fenômeno se acentuoudemaneiraexponencial.Doadventodosburgos, quandoda formaçãodosEstadoseuropeusocidentais, até a sua evolução para omodelo atual, as cidades vivencia- ram um forte adensamento populacional, muitas vezes desprovidas das necessárias infraestruturas. DaBaixa IdadeMédia ao surtoepidêmicodo século14, a população europeia cresceu de 35 milhões de pessoas no ano 1000 para 80 milhões em 1347. Se há mil anos a Europa levou 350 para dobrar de tamanho, praticamente o mesmo acontecerá com a população urbana mundial nos próximos 40 anos, passando dos atuais 3,5 bilhões para 6,3 bilhões de habitantes. Metade do planeta vive emcidades. Em2050 seremos maisde70%.NaChina, 300milhõesdepessoas—umEsta- dosUnidos inteiro—migrarãodeáreas ruraispara regiões metropolitanas, nospróximos15anos.Odesafioaumenta quando se prevê que a área geográfica das metrópoles crescerá apenas 0,1%, passando para 2,1% da superfície terrestre, o que povoará aindamais os centros urbanos. Esse adensamento trará consequências preocupan- tes, como a maior concentração do consumo de energia, elevando-o dos atuais 75%a 80%do total geradono globo, aumentandoosesforçosdegeraçãoetransmissão.Ou,ainda maior emissãodegasesdeefeitoestufa, quedeveráalcan- çar90%nascidades.Éprecisoenfrentaressaproblemática com urgência para mitigar seus efeitos, focado na maior sustentabilidade de processos produtivos e de consumo. O relatório State of the World’s Cities, 2012-2013 , da Organização das Nações Unidas (ONU), afirma que o motor da prosperidade econômica será “o dinamismo e a intensa vitalidade das cidades”. Para as Nações Unidas, serão os centros urbanos, não os países, que comandarão a geração global de riquezas. Segundo o documento, “o bom ambiente urbano é tão determi- nante no século 21 como a matéria-prima foi para a indústria no século 19”. Iniciamos um novo ciclo de competitividade, em que as cidades concorrementre si, globalmente, como polos de atraçãode cidadãos qualificados ede geraçãodenegó- cios e oportunidades. Investememdiferenciais, exacer- bandoos atrativos naturais, culturais e vocacionais, con- centrando esforços na excelência das infraestruturas e serviços urbanos. O nível de qualidade de vida de uma cidade a torna eficiente, mais que inteligente. Oconceitode cidades eficientes se apoiano tripé habi- tabilidade, eficiência e sustentabilidade, gravitando em tornodeumcentrodegestãoecontroleadministradopelo poder público municipal. A dinâmica se dá pelo exercí- ciodagovernançabaseada eminstrumentosde inovação tecnológica, telecomunicações, informação ao cidadão e habilidade para resolver problemas. Na China, 300milhões de pessoasmigrarão de áreas rurais para regiõesmetropolitanas nos próximos 15 anos Segundo a ONU, o bom ambiente urbano é tão determinante no século 21 como a matéria-prima foi para a indústria no século 19 shutterstock

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