RESPM_MAR_ABR 2016
        
 entrevista | Sonia Consiglio Favaretto Revista da ESPM |março/abril de 2016 32 Revista da ESPM — Começando pelo básico: o que é exatamente o ISE e qual é o objetivo dele? Sonia Favaretto — É um índice de ações que procura reunir as empre- sas que mais se destacam, segundo sua metodologia, nas questões de sustentabilidade no mercado bra- sileiro. O objetivo é ser uma refe- rência para quem quer investir em empresas mais preocupadas com as questões socioambientais. Ele tem também um papel propositivo, de mudança de paradigma do próprio mercado de capitais. O ideal é que um dia não exista ISE. Que você olhe para o Ibovespa e toda empresa listada lá tenha as premissas do ISE. Estamos caminhando globalmente para isso. Revista da ESPM — Qualquer em- presa listada na BM&FBovespa pode fazer parte do ISE? Sonia — O ISE é direcionado para empresas que têm os 200 papéis mais líquidos [negociados] da Bolsa. No ano passado, 180 foram convi- dadas a participar. É um processo voluntário. Revista da ESPM — Vocês acabam de anunciar objetivos novos para o ISE. Por que a mudança? Sonia — Os objetivos estratégicos dialogam com o que o ISE pretende, que é fomentar as melhores práticas de sustentabilidade no mercado. Assim, definimos objetivos em três eixos: investidor, empresas e socie- dade. Queremos evidenciar qual a relação entre sustentabilidade empresarial e desempenho eco- nômico-financeiro. À medida que investidores têm isso cada vez mais claro, eles começam a valorizar as empresas que estão no ISE. Forma- se um círculo virtuoso. Revista da ESPM — Por isso um dos eixos é o investidor? Sonia — Um dos objetivos é incenti- var o uso do ISE pelos formadores de tendência do mercado financeiro, como gestores de recursos e ban- cos. Outro é dialogar com todos os outros agentes da cadeia do inves- timento: serviços de informação e analistas, a comunidade de inves- timento. Revista da ESPM — O segundo eixo é o das empresas, certo? Sonia — Sim, no sentido de ressaltar o ISE como [indicador] de maior competitividade para esse conjunto de empresas. Não é só reputação. Nós já passamos dessa fase. É lógico que é bom para a reputação, mas não é só isso. O ISE também é uma ferramen- ta de diagnóstico e transparência. Revista da ESPM — E no eixo da sociedade, qual é o objetivo? Sonia — Dar visibilidade a esse movimento de sustentabilidade em- presarial. Movimento que cada vez mais atrai o consumidor, o cidadão. As pessoas estão mais conscientes dele. Revista da ESPM — Em que sentido o ISE é uma ferramenta de transpa- rência para empresas? Sonia — Para entrar no índice, as empresas têm de responder a 180 perguntas profundas. A cada ano, aumenta a quantidade de empresas que aceitam tornar públicas essas suas respostas. Na carteira atual, 33 das 35 empresas presentes publica- ram todas as suas respostas no site do ISE. Revista da ESPM — A retração da economia esfriou o interesse dos inves- tidores pelo ISE? Sonia — Quando há uma crise, sem- pre há a priorização dos recursos. Se você tem uma empresa que ainda não tenha incorporado a sustenta- bilidade, como valor e como estra- tégia, na hora da crise, ela deixa de lado. Dentre as empresas que não ti- nham esse tema, num estágio mais avançado de maturidade, algumas o colocaram em stand-by . Revista da ESPM — Houve uma redução no número de participantes do ISE, que chegou a 40 empresas em 2015 e agora caiu para 35. Isso tem a ver com a mudança do cenário econômico? Menos de 1%de todo o volume de recursos alocados em fundos de ações no Brasil vai para fundos de sustentabilidade. Na Europa, são cerca de 17%. Os Estados Unidos chegama 13%
        
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