RESPM_MAR_ABR 2016

março/abril de 2016| RevistadaESPM 33 Sonia — Quando completamos 40 empresas e fizemos uma coletiva para a imprensa, eu disse: “Se no ano que vem diminuir, não será retrocesso”. Retrocesso seria ter abaixo de 35. É o retrato do período. A barra está subindo rapidamente e, mesmo mantendo suas boas prá- ticas de um ano para outro, nem to- das as empresas conseguem acom- panhar o ritmo de seus pares. Revista da ESPM — E o interesse do investidor pelo ISE, caiu diante da crise? Sonia — Não. Temos poucos recur- sos alocados em fundos atrelados à sustentabilidade. Menos de 1% de todo o volume de recursos alocados em fundos [de ações] no Brasil vai para fundos de sustentabilidade. Na Europa, são cerca de 17%. Os Es- tados Unidos chegam a 13%. Então, não dá para dizer que diminuiu, por- que o volume já era baixo mesmo. Revista da ESPM — Quantos fundos de sustentabilidade há no Brasil? Sonia — Trinta e três fundos. Revista da ESPM — Quem investe nesse tipo de aplicação? Sonia — Investidor institucional. Em geral, fundos de pensão. Tem sido assim. Quando foi criado o Princípios para o Investimento Responsável, na sigla em inglês PRI, os grandes investidores e gestores aderiram primeiro. O gestor insti- tucional tem uma responsabilidade fiduciária sob os recursos que gere. Quando falamos em fundos de pen- são, esses recursos têm de estar dis- poníveis dentro de 10, 20, 30 ou 40 anos para pagar as aposentadorias dos seus participantes. Eles sabem que as questões sociais e ambien- tais têm impactos no negócio. Revista da ESPM — O investidor pessoa física pode investir em fundos de sustentabilidade? Sonia — Sim, o próprio Exchange Traded Fund (ETF), do ISE é o melhor exemplo. O ETF é um fundo nego- ciado em bolsa, e o valor das cotas é superbaixo, a partir de R$ 100 para pessoas físicas. Aí entra um terceiro objetivo estratégico do ISE: o de se tornar mais visível para a sociedade. Revista da ESPM — Se o produto é acessível, por que pessoas físicas não investem? Sonia — Eu não sou a porta-voz ofi- cial da Bolsa para responder a isso, mas temos de ver qual é o tamanho do mercado de capitais brasileiro. A pessoa física não está investindo no ISE? Não está investindo em ações! A pessoa física está longe da renda variável. Vimos trabalhando há décadas para criar uma cultura de mercado de ações. Primeiro, para tirar do mercado uma lógica de cas- sino. Depois para trazer essa cultura de renda variável. Então, eu acho que tem um passo anterior ao ISE: uma barreira cultural para a pessoa física investir em renda variável. Revista da ESPM — Mas não se nota crescimento no volume de investi- dores dos fundos verdes? Sonia — Não, não vimos um au- latinstock shutterstock ODowJonesSustainability, daBolsadeNovaYork, foi oprimeiro índiceaser criado, em1999. DepoisvieramLondres (2001); Johanesburgo (2003); eSãoPaulo (2005)

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