RESPM_MAR_ABR 2016

março/abril de 2016| RevistadaESPM 37 A crise de 2008 e o furacão Katrina, no final, vieramparamostrar que não somos ”abraçadores de árvore”, que esta é uma questão financeira Revista da ESPM — Investe-se nela mais por medo de perder do que por desejo de ganhar? Sonia — A crise de 2008 e o furacão Katrina, no final, vieram para o bem da agenda. Para mostrar que não somos “abraçadores de árvore”. Que esta é uma questão financeira. Se você não trouxer para o seu core business , vai perder dinheiro. Revista da ESPM — Invertendo a pergunta: se o ISE tem melhor desem- penho e menos risco, por que a maio- ria dos investidores não investe nele? Sonia — Temos uma pesquisa que mostra que não está clara essa “pu- nição” para o investidor, se ele não o fizer. Ainda não está bem claro para ele, por exemplo, que, se conti- nuar investindo em empresas muito emissoras de gases do efeito estufa, vai haver alguma consequência. Não está claro para o investidor que, se ele continuar nessa agenda, que em princípio é rentável no curto prazo, ele poderá sofrer alguma “punição”. Rev i s t a da ESPM — Em uma entrevista concedida algum tem- po atrás, você disse que vocês, na BM&FBovespa, estavam tentando promover uma transformação do mundo e das mentalidades. Como essa ambição se materializa? Sonia — Quando pensamos em mer- cado de capitais, imaginamos “lucro, lucro, lucro”. De repente, você se vê dentro do mercado de capitais falan- do de uma agenda socioambiental. É aí que o poder de mudança de uma bolsa é decisivo. Ele se materializa num índice de sustentabilidade, quando você começa a trazer para um ambiente puramente econômi- co-financeiro esses outros elemen- tos. Você começa a promover essa agenda por convicção. Eu classifico isso como amor. Ou começa a promo- vê-la pela dor. A dor da perda. Seja de recursos financeiros, seja de reputa- ção. Ou, ainda, pela inteligência, que está em perceber que a sustentabili- dade é um diferencial competitivo. Que é para onde o mundo está indo e que, se eu não me alinhar com isso, corro o risco até de deixar meu negó- cio acabar. Revista da ESPM — Esta é uma ótima resposta corporativa. Mas, pensando em você, a realidade está correspondendo aos seus sonhos de transformação? Sonia — A transformação acontece, mas numa velocidade menor do que você gostaria. Eu sempre falo sobre o copo meio cheio, porque, se olhar para o copo meio vazio, você sai desta área. Uma vez, já há alguns anos, fui fazer uma palestra na Festa do Peão de Barretos, no interior de São Paulo. Um ou dois dias antes de começar o rodeio, eles fizeram um fórum de sustentabilidade. Foi supe- restranho, porque eu fui a última pa- lestrante, o povo já tinha ido embora, e fiquei lá falando... Quando acabou a palestra e eu estava saindo, a mulher da limpeza me disse: “Eu entendi tudo o que você falou. Foi bacana, muito obrigada”. Ganhei o dia. Até hoje isso me emociona. latinstock

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