RESPM_MAR_ABR 2016
Revista da ESPM |março/abril de 2016 46 E mmarço, aCoca-ColaeaAmbevaproveitaram o Dia Mundial da Água para lançar uma ação conjunta emprol domeioambiente. Junto com a organizaçãoTheNatureConservancy (TNC), elascomeçaramapôrempráticaumasériedemedidaspara conservarasnascentesderiosnointeriordeSãoPaulo.Por que duas das maiores companhias de bebidas domundo resolveramatuarjuntas?Arespostaésimples:ambasperce- beramquesemumprogramaderecuperaçãodemananciais, emumfuturopróximosuasfábricasdeixarãodeexistirpor faltadeágua!“Em2014,naÍndia,aCoca-Colafoiobrigadaa fecharumafábricaporsuspeitadeusoexcessivodosrecursos hídricos locais. Para evitar novas crises como essa, a com- panhia ampliou aindamais seus investimentos emações de sustentabilidade”, avalia o arquiteto Alexandre Gobbo Fernandes,queémembrodaEPEA-Brasil (Environmental Protection Encouragement Agency), agência fundada em 1987,porMichaelBraungart,umdoscriadoresdoconceito cradle to cradle (“doberçoaoberço”). DesenvolvidoporBraungartemparceriacomoarquiteto WilliamMcDonough—autoresdolivro Cradletocradle—criar e reciclar ilimitadamente (GustavoGiliEditora,2014),talcon- ceitoditaasregrasdaeconomiacircular,quenasceucoma missãodesalvaroplaneta, literalmente! Afórmulaprevêasubstituiçãodaatualeconomialinear (“extrair,transformaredescartar”)porumciclocontínuode desenvolvimento,queéinspiradonanatureza,ondenãohá desperdício, tudose transforma, reciclae reviveemoutras formasefunções.“Essateoriautilizaacriatividadehumana paramultiplicar a quantidade e a qualidade de recursos. É maisdoquereciclar.Érepensaraformacomoascoisassão feitas”, detalha Fernandes, ressaltando que a economia circular começa pelo design, pela forma como o produto é concebido dentro de umciclo contínuo, capaz de eliminar o desperdício demateriais, transformar lixo emnutriente egerarbenefíciospara todooplaneta. PropagadaemtodoomundopelaFundaçãoEllenMacAr- thur,ateoriatemseguidoresderenome,comoPhilips,Uni- lever, Renault, Google e Cisco, que apostam em projetos inovadores em prol de ummundo melhor. Um exemplo disso é o investimento feito pela rede demóveis e decora- ção Ikea, que vai substituir suas embalagens plásticas de poliestireno por uma alternativa biodegradável feita de ummaterial à base de cogumelos. A ideia surgiu a partir do trabalhodaempresaamericanaEcovative, quehádois anosutilizouummaterial semelhanteparaproduzir “tijo- los ecológicos”. “Não há como a indústria fazer algo pela sustentabilidade semganhar dinheiro. Comoos recursos naturais estão ficando cada vez mais caros, por conta da sua escassez, muitas multinacionais passaram a enxer- gar no cradle to cradle uma saída”, observa Fernandes. “A Ford, por exemplo, comprou a ideia quando viu que pode- ria economizar US$ 35milhões ao transformar o telhado daRougeFactory, emMichigan, emumimenso jardimde 42,5mil metros quadrados para atrair borboletas.” Proje- tado por WilliamMcDonough, a pedido de Bill Ford, este que éumdosmaiores telhados verdesdomundo, elimina dióxidodecarbonodaatmosfera,reduzoconsumodeener- giaeainda integraumsistemade tratamentodeágua, que agora retorna limpa ao rioRouge. JáamarcadeartigosesportivosPumacriouumacoleção deroupas,sapatoseacessóriosbiodegradáveis,quepodem ser reciclados emprocesso de compostagem. Um tênis da linhaPuma InCycle, por exemplo, demora seismesespara sedecompornomeioambiente.ANiketambémapostouem umprogramasemelhante,quevisareaproveitaromaterial usadoemseuscalçados,alémdereduziraproduçãodelixo. Ametaézeraros resíduosdaoperaçãoaté2020. UmestudodaconsultoriaMcKinseyestimaqueaadoção daeconomiacircularpoderiaadicionarbenefíciosanuaisde 1,8trilhãodeeurosnaeconomiaglobalaté2030ouodobro doquepoderiasergeradopeloatualsistema,quetemcomo base a economia linear. “No contexto que vivemos hoje, comquestões ambientais latentes, as empresas têmpapel A cr i at i v i dade humana salvará o planeta!
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