RESPM_MAR_ABR 2016

Revista da ESPM |março/abril de 2016 52 Revista da ESPM — Em 2015, o gru- po Amaggi vendeu 850 mil toneladas de soja sustentável, produzida de acordo com os princípios da Round Table on Responsible Soy (RTRS). O que isso re- presenta para a organização? Juliana Lopes — Hoje, já é impos- sível dissociar produção agrícola de sustentabilidade, porque essa é uma área que utiliza recursos naturais cada vez mais escassos e lida diretamente com a questão da segurança alimentar num pla- neta que vai crescer e demandar cada vez mais comida. Logo, esse é um investimento estratégico para a Amaggi. Atualmente, dos 2,3 milhões de toneladas de soja cer- tificada pela RTRS, 30% vêm dos produtores da Amaggi. E esse é um volume que tende a crescer ainda mais, porque a RTRS vem dobrando o volume de produção de soja cer- tificada a cada ano. Na plataforma de negociação da RTRS, o Brasil é o maior produtor de soja sustentável do mundo. Até a safra de 2018/2019, a entidade pretende certificar 10 milhões de toneladas, que deverão movimentar algo em torno de US$ 30 milhões. Revista da ESPM — Atualmente, essa soja certificada é produzida por 37 pro- dutores parceiros da Amaggi, além de duas fazendas próprias. O que é preciso ter para receber o “selo verde”? Juliana — Passamos cinco anos negociando o estabelecimento dos critérios mundiais para a produção sustentável de soja. Participamos de toda essa discussão e, em 2011, tivemos as duas primeiras fazendas certificadas do mundo, por acredi- tarmos que, em dez anos, não será mais viável produzir sem ser de forma sustentável. O que é certifi- cado não é o produto, e sim a forma como ele é produzido. Assim, cada fazenda passa por uma auditoria que avalia 98 indicadores dentro dos cinco princípios da RTRS: conformi- dade legal e boas práticas; condições justas e responsáveis de trabalho; relação responsável com a comuni- dade; responsabilidade ambiental; e boas práticas agrícolas. Dos 3,8 mil produtores que trabalham com a Amaggi, apenas 37 produzem soja sustentável. Outros 600 produtores possuem a certificação do Pro-Terra, que foca suas ações no mercado do não transgênico. A soja sustentá- vel ainda representa um mercado pequeno, se comparado com os 100 milhões de toneladas de soja produzidos anualmente pelo Brasil. Na medida em que este segmento for crescendo, vamos ampliando o número de produtores certificados. Revista da ESPM — Como esta cer- tificação contribui para a sustentabili- dade do planeta? Juliana — No ano passado, a soja sustentável da Amaggi gerou US$ 6 milhões em créditos, que foram utilizados pelos produtores certi- ficados para implantar melhorias em suas fazendas. Ao longo do tempo, essa certificação diminui o impacto ambiental, principal- mente porque você começa a fazer girar algumas economias locais, que crescem com a redução do uso de combustíveis e agroquímicos e o controle regular da qualidade da água e do solo da região. Revista da ESPM — O que leva o produtor a investir nesse selo verde? Juliana — Hoje, o valor do prêmio pago pela soja sustentável não faz muita diferença para o produtor. É no processo de gestão da proprie- dade que esse agricultor obtém o maior retorno. A certificação aumenta a capacidade técnica e a eficiência do produtor, que, para conseguir o selo, precisa se organi- zar. Esse é um processo que leva, em média, um ano e meio, mas, quando é concluído, possibilita ao agricultor reduzir os custos e atuar em total regularidade com as inú- Oreal valordasojasustentável Juliana Lopes, diretora de sustentabilidade do grupo Amaggi, mostra como a organização vem trabalhando no desenvolvimento da soja “sustentável” no Brasil e no exterior Grupo Amaggi | J ul i ana Lopes

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