RESPM_MAR_ABR 2016

março/abril de 2016| RevistadaESPM 71 Nardocci — O custo da matéria-pri- ma [sucata] pode ser um pouco menor, mas você tem custos de transformação maiores. Você tem de t ransforma r sucata em a lgo útil. E você tem um custo de inves- timento bastante alto. Mas o mais importante na nossa abordagem é a visão de futuro — se não se fizer isso, assumindo que, lá na frente, ter o produto de alta sustentabi- lidade vai ser uma preferência do consumidor, você perderá compe- titividade. Há também o problema da disponibilidade. Há uma redu- ção drástica da disponibilidade de alumínio primário no Brasil. Então, para nós, o uso de sucata é estratégico também como fonte de matéria-prima. Revista da ESPM — A sustentabili- dade, para vocês, já é mais solução do que problema? Nardocci — Para nós, a reciclagem é uma oportunidade de negócio. Nós poderíamos muito bem fazer o nosso negócio sem reciclagem, mas aí não abordaríamos as questões de que falei antes: sustentabilidade no longo prazo, disponibilidade de matéria-prima e ter um custo mais competitivo. São estes três pontos que fazem da reciclagem uma opor- tunidade interessante. Revista da ESPM — O alumínio é caso de sucesso em reciclagem, mas, até mesmo para reciclar, é um insumo intensivo no uso de energia. Soman- do prós e contras, qual é o impacto líquido? Nardocci — Esta é a conta que nós realizamos. É positivo. São os 95% de economia que mencionei. Nós utilizamos essencialmente gás na- tural nos fornos. O processo é mais ou menos o seguinte: você recebe a sucata, passa por um processo de limpeza e por uma etapa de elimi- nação das tintas. Nesse processo, você queima gás. Depois, a gente tem de fundir o alumínio. A partir dali, ele é igual a qualquer outra ma- téria-prima que fôssemos comprar. Esse processo é muito eficiente em termos de uso de energia. O consu- mo essencialmente é de gás natural. Revista da ESPM — O Brasil já é o maior reciclador de alumínio do mundo? Nardocci — Em toneladas, não é. Agora, das 300 mil toneladas de chapas para latas de alumínio ven- didas por ano, a indústria coleta de volta 98%. É um ciclo muito rápido. Em 60 dias, a lata vira outra lata. Revista da ESPM — O alumínio não é uma matéria-prima nobre e cara de- mais para ser usada num produto que dura tão pouco? Nardocci — O alumínio é um óti- mo material para embalagem, por suas propriedades de proteção, durabilidade, flexibilidade, além de sua capacidade de decoração. O que você não pode fazer é des- perd içá-lo. Não reaproveit á-lo. Por isso é que fechar o ciclo da latinha, que gira tão rapidamente, Areciclagemutiliza5%daenergiaconsumidaparaproduçãodealumínioprimário. Esseprocesso reduzem95%asemissõesdegasesdoefeitoestufa shutterstock

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