RESPM_MAR_ABR 2016

Revista da ESPM |março/abril de 2016 80 mercado anos uma série de esforços para encontrar uma solu- ção eficiente de reciclagem para as “caixinhas” que já cumpriram sua função e foram descartadas pelos consumidores. Isso porque não era fácil separar os três materiais diferentes que a compõem. O desafio foi vencido graças ao emprego de tecnologia e proces- sos desenvolvidos especialmente para essa finalidade. E esse é o ponto que desejo destacar: a solução cria- tiva encontrada na busca de soluções eficientes para a reciclagem das embalagens longa vida. Graças à qualidade e ao valor dosmateriais emprega- dos na estrutura laminada, composta de papel cartão, alumínio e polietileno, foi possível separar o papel, juntar os outros dois materiais (o alumínio e o polie- tileno) e fundi-los por calor numa estrutura que pode ser utilizada num grande número de aplicações. Uma delas é a fabricação de telhas para a cobertura de edi- ficações — aplicação impensável antes do desenvolvi- mento da tecnologia e dos processos que permitiram essa transformação e evitaram o desperdício de mate- riais nobres nos lixões e aterros sanitários. Embalagem que vira telha, empregos e telhados O caso das telhas produzidas com caixas longa vida recicladas, na forma de placas onduladas, é um bom exemplo de como as embalagens podem ser trans- formadas. Vale ressaltar que essa é apenas uma das milhares possibilidades de reciclagem, que vão desde produzir itens exatamente idênticos aos que foram transformados (é a embalagem que volta a ser a mesma de antes da reciclagem) até a transformação das embalagens em novos itens industriais destina- dos a outras finalidades. Mas para transformar as embalagens usadas em novas, primeiro é preciso recolhê-las e levá-las de volta para as fábricas. Essa operação logística tem lá sua complexidade, porque necessita de programas específicos de incentivos, uma rede de coleta das embalagens e investidores que tenham interesse eco- nômico nesse processo para que ele se torne realmente efetivo e cresça com o tempo. No caso da embalagem longa vida, tudo isso aconteceu, promovendo assim a reciclagem dos materiais. Hoje, existem quase 40 empresas dedicadas a transformar embalagens empla- cas, sendo que metade delas produz telhas. Algumas dezenas de empresas foram criadas para processar o que antes poderia ser considerado apenas um resíduo destinado aos lixões e aterros sanitários. Aqui, não importa o tamanho dessas empresas, e sim o fato em si: a partir da recuperação de matérias-primas, das quais são fabricadas as embalagens, é possível gerar valor, trabalho e renda, principalmente para pessoas que estavam na borda da sociedade e que, por meio dessas atividades, encontram um caminho de volta ao sistema produtivo. De acordo comMario Henrique de Cerqueira, enge- nheiro de desenvolvimento ambiental da Tetra Pak, OBrasil levouà frente esta discussão e a incluiunaPolítica Nacional deResíduos Sólidos, que prevê umaumento progressivonos índices de reciclagemno país Atualmente, mais de 150 empresas de 45mercados reciclamosmateriais de base usados nas embalagens cartonadas da Tetra Pak shutterstock

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