RESPM_MAR_ABR 2016

março/abril de 2016| RevistadaESPM 81 transformar embalagens usadas em placas e telhas para a construção civil é algo relativamente simples e envolve um processo de fusão sob pressão e posterior resfriamento do polietileno e do alumínio. “Estudos indicam que o produto proveniente das embalagens longa vida pode ser empregado em aplicações simi- lares às telhas comuns, sem restrição, pois atende a todos os parâmetros determinados para as telhas de fibrocimento”, comenta Cerqueira. “A grande diferença é que a telha ecológica traz uma série de benefícios econômicos e sociais, relacionados ao menor custo de mercado e à geração de empregos relativos à coleta seletiva e ao processamento dos materiais das emba- lagens usadas.” Tal iniciativa acaba possibilitando o resgate da cidadania dos envolvidos no processo de reciclagem e gera inúmeros benefícios ambientais ao evitar o envio de embalagens longa vida aos lixões e aterros sanitários. A boa notícia é que a produção de telhas, a partir da reciclagemde embalagens longa vida, é apenas uma das centenas de possibilidades encontradas nesse setor que, em 2016, deverá movimentar mais de R$ 10 bilhões — gerados pelo conjunto das atividades de coleta, comer- cialização, logística e processamento industrial das embalagens pós-consumo. Por outro lado, é preciso considerar que, anual- mente, a Tetra Pak produz mais de 150 bilhões de embalagens em 170 países. Em busca de alternativas para reciclar todas as suas embalagens longa vida, a companhia passou a investir no desenvolvimento de tecnologias capazes de transformar lixo em caixas de papelão, canetas, vassouras, tubetes para plantas, palmilhas de sapato, placas e telhas utilizadas pela construção civil. A aposta deu certo. Em2011, por exemplo, 36 bilhões de embalagens Tetra Pak foramrecicladas emtodo o pla- neta, sendo que o Brasil acompanhou esse crescimento e alcançou um volume de 65 mil toneladas recicladas, o que correspondeu a 29% do total produzido no país. Já em 2014, cerca de 651 mil toneladas de embalagens cartonadas para bebidas da Tetra Pak foram recicladas mundialmente, em comparação com as 623 mil tone- ladas em 2013. Atualmente, mais de 150 empresas de 45 mercados — de pequenos empreendimentos a mul- tinacionais — reciclamos materiais de base usados nas embalagens cartonadas da Tetra Pak. Essas empresas contam com o apoio da Tetra Pak para promover ações que envolvem diversos agentes atuando num arranjo informal e que, no Brasil, encontraram um sucesso bastante significativo, demonstrando que nem tudo que sobra deve ser jogado no lixo. Muita coisa ainda pode ser aproveitada em benefício da sociedade e do meio ambiente. Convencida de que a reciclagem é um investimento no futuro do negócio, a companhia estabeleceu como meta reciclar 40% de todas as suas embalagens carto- nadas até 2020. Isso equivale a reciclar cerca de 100 bilhões de embalagens individuais por ano. É um desa- fio e tanto, mas, como diz o slogan da Tetra Pak, ela é uma empresa que “protege o que é bom”! Fabio Mestriner Professor da ESPM, autor dos livros Design de embalagem curso avançado e Gestão estratégica de embalagem shutterstock Hoje, existemquase 40 empresas dedicadas a transformar embalagens de leite longa vida emplacas, sendo quemetade delas produz telhas

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