RESPM_MAR_ABR 2016
março/abril de 2016| RevistadaESPM 87 Apolíticaditaráofuturo dasenergiasrenováveis Por Arnaldo Comin Foto: Divulgação A os 87 anos, o físico e professor José Goldemberg segue como uma das vozes mais lúcidas no campo das políticas energéticas no Brasil. No momento em que se questiona o futuro das energias renováveis e cresce a discussão am- biental em torno das grandes usinas hidrelétricas, o ex-secretário de Ciência e Tecnologia e de Meio Ambiente do Estado de São Paulo e ex-ministro da Educação du- rante o governo Fernando Collor de Mello defende que o país ainda tem um período de dez a 15 anos para investir nessa matriz, em que pesem os desafios de construir grandes reservatórios comdanos controlados ao meio ambiente. Paralelamente ao uso de mais hidrelétricas, Goldemberg apoia o investimento combi- nado com novas fontes, como a energia eólica, que tem sido implementada com sucesso no Nordeste brasileiro. Há ainda espaço para que o Brasil estabeleça novas políticas de mercado para aproveitar fontes subutilizadas, como a biomassa de cana-de-açúcar, e esti- mular a inclusão gradual da energia solar, ainda pouco competitiva, àmatriz brasileira. E, apesar da derrocada do petróleo, ele acredita que ainda há espaço para dobrar a produção de etanol, que afunda em um ciclo de decadência provocado pela convivência predatória de preços associados à gasolina. Ex-reitor da Universidade de São Paulo, Goldemberg retomou o protagonismo acadê- mico paulista em agosto do ano passado, quando assumiu a presidência da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Na frente energética, o professor destaca em sua gestão o apoio em áreas estratégicas de pesquisa para o aumento de efici- ência na produção de etanol, desenvolvimento de baterias, que são a chave para o futuro dos carros elétricos, e fontes como energia eólica e solar, além de investigar o consumo mais racional de eletricidade. Goldemberg deixa claro, porém, que os maiores desafios do Brasil em energias renová- veis não são científicos. “Já avançamos muito na pesquisa. Os principais problemas têm mais a ver com regulação e meio ambiente.”
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