RESPM_MAR_ABR 2016

março/abril de 2016| RevistadaESPM 91 Revista da ESPM — Por que a ener- gia no Brasil continua sendo umas das mais caras do mundo? Investimento concentrado em energias renováveis pode ajudar a reduzir esse custo ou, pelo contrário, pode gerar um efeito inicial de aumento nos preços? Goldemberg — No Brasil, o governo administra os preços de todas as energias. Temos uma das gasolinas mais caras do mundo. Ela acaba influenciando o preço das demais energias e também colabora para o aumento da inflação. De todo modo, a maior quantidade de energia pro- duzida no país continua sendo re- novável. Agora, no período de 2012 a 2015, o Brasil regrediu por causa da entrada das térmicas. De 85% do total de energia, as hidrelétricas passaram para 60%. Sem dúvida, es- tamos passando por um retrocesso. Revista da ESPM — O que podemos esperar, com base no que temos em curso na pesquisa científica, de soluções inova- doras que deverão impactar a maneira como consumimos energia no futuro? Goldemberg —Mais do que falar em novas fontes, uma área que exige mais pesquisa é o armazenamento de energia. Além de produzir, é necessário armazenar mais ade- quadamente. Energias solar e eólica não podem ser armazenadas, são intermitentes. O vento pode parar e durante a noite não há luz solar. Já o carvão e o petróleo são fontes contínuas, armazenáveis, e por isso continuam sendo a opção mais fácil. Por isso vemos a importância da pesquisa no desenvolvimento de baterias. Aqui, na Fapesp, in- centivamos bastante esta área. Os automóveis elétricos são um pro- gresso, mas ainda não se chegou a uma solução eficaz para o problema da bateria. Hoje, posso andar 300 quilômetros até Campos do Jordão com gasolina, sem necessidade de abastecer no caminho. O carro elétrico não tem essa autonomia, porque a bateria é de curta duração. É preciso aumentar essa autonomia com baterias mais potentes. Ocorre o mesmo problema na fonte eólica e solar. O nosso desafio, portanto, está nesse armazenamento. Além disso, há a questão da utilização da energia de maneira mais eficiente. Ainda temos muitas lâmpadas in- candescentes em uso. Há bastante espaço para evoluir nesse campo. Revista da ESPM — O senhor as- sumiu a presidência da Fapesp em agosto de 2015. Quais as prioridades de fomento à pesquisa da sua gestão? Goldemberg — Temos dado priori- dade a melhorias na área do etanol, desenvolvimento de baterias e efi- ciência energética. São três pontos importantes para nós no campo da pesquisa energética. As outras áreas de que falamos aqui não são científicas, como as regulações e as políticas de preço dos combus- tíveis. Acredito que o nosso maior problema não está na falta de desen- volvimento científico. Os principais desafios hoje das energias renová- veis dependem mais de questões regulatórias e sua inserção no tema do meio ambiente. shutterstock BrasíliaeBeloHorizonte já têmmuitos telhadoscobertoscompainéis. Concessionáriasvendemànoiteecompramdousuáriodedia

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