RESPM_MAR_ABR 2016

março/abril de 2016| RevistadaESPM 99 Nessa trajetória, uma iniciativa pioneira foi a inaugu- ração, em 2008, da Campo Limpo Reciclagem e Trans- formação de Plásticos. Ao transformar as embalagens pós-consumo em novas embalagens para envase de agroquímicos, as ecoplásticas, a empresa permitiu o fechamento do ciclo dentro da própria cadeia. Outras recicladoras parceiras do sistema fabricam 16 artefa- tos a partir das resinas plásticas recicladas. Entre eles, barrica de papelão, tubo para esgoto, embalagem para óleo lubrificante e conduíte corrugado. Além de gerar receita, essa reciclagem resulta em ganhos ambientais. Os benefícios do Sistema Campo Limpo para o meio ambiente são comprovados por estudo de ecoeficiência, encomendado pelo inpEV para a Fundação Espaço Eco. O sétimo estudo revelou que, entre 2002 e 2015, em razão da existência deste sistema, deixaram de ser emitidas 514 mil toneladas de CO 2 eq (gás carbônico equivalente), ou 1,2milhão de barris de petróleo não tiveram de ser extraídos. Tam- bém deixaram de ser gerados resíduos sólidos equiva- lentes ao descarte efetuado por uma cidade de 500 mil habitantes durante nove anos. No mesmo período, o sistema permitiu uma economia de energia suficiente para abastecer 1,9 milhão de casas durante um ano. O estudo comparou ainda os benefícios ambientais da fabricação da ecoplástica em relação à produção de embalagemvirgemconvencional de 20 litros. Enquanto uma embalagem convencional emite 1,78 kg de CO 2 eq, desdeaextraçãodasmatérias-primasatéosoprodaemba- lagem, a ecoplástica emite apenas 0,61 kg de CO 2 eq em seu processo de fabricação. Adicionalmente, o estudo de ecoeficiência do Sistema Campo Limpo demonstrou que, ao se utilizar matéria-prima proveniente dele, a cada embalagem ecoplástica produzida pode-se somar o benefício de 0,84 kg de CO 2 eq em emissões evitadas. Educação e conscientização Aumentar o engajamento de todos os elos da cadeia é outro objetivo do sistema, que para isso investe emações de conscientização e educaçãodo agricultor quanto à cor- reta realização da lavageme devolução das embalagens, assim como na mobilização de milhares de estudantes pela importância da conservação do meio ambiente. Entre as ações de conscientizaçãopromovidas por esta iniciativa, destaca-se a comemoração doDiaNacional do CampoLimpo, em18deagosto—dataoficial nocalendário brasileiro desde 2008. Desde a primeira edição, a come- moração já teve a participação de mais de ummilhão de pessoas. Outra iniciativa importante é o Programa de Educação Ambiental Campo Limpo, que leva para insti- tuições de ensino kits pedagógicos multidisciplinares, em parceria com secretarias municipais de Educação e outros agentes educacionais. Toda essa experiência pioneira do inpEV levou o ins- tituto a participar ativamente da discussão e elaboração da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) — insti- tuída em2010, pela Lei nº 12.305 e pelo Decreto nº 7.404. Esta legislação adota os princípios e conceitos em que o SistemaCampo Limpo se apoia, como responsabilidades compartilhadas, logística reversa, gestão integrada de resíduos sólidos e ecoeficiência. Hoje, sua estruturação e conceito auxiliamna criação de modelos para outros setores da economia. Além de contribuir paradisseminar iniciativas sustentáveis, o sis- tema investe emações demelhoria para alcançar resulta- dos aindamais expressivos, contribuindo para o bemdo meio ambiente e das futuras gerações. João Cesar M. Rando Diretor-presidente do inpEV A capilaridade do Sistema Atualmente, o Sistema Campo Limpo reúne cem em- presas fabricantes de defensivos agrícolas, cercade 260 associações de distribuidores e cooperativas em todo o Brasil, 12 recicladores parceiros e três incineradores. Seu bom funcionamento exige a existência de uma ampla rede de recebimento para concretizar o fluxo de destinação das embalagens. A estrutura da logística reversa é integrada por uma malha de mais de 400 unidades de recebimento, distribuídas em25 estados e no Distrito Federal. Como muitos pequenos produtores ainda ficam dis- tantes desses pontos, o sistema adota amodalidade do recebimento itinerante, que leva caminhões para rece- ber as embalagens vazias dos agricultores de regiões mais afastadas. Realizados por canais de distribuição locais, emparceria comveículos de comunicação e o po- der público, as iniciativas contamcomo apoiodo inpEVe são uma alternativa para a devolução do material onde há crescimento da agricultura familiar no Brasil.

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