RESPM SET-OUT 2016

setembro/outubrode 2016| RevistadaESPM 101 Oumudamosagora, ouvamospatinar pormais50anos! Por Arnaldo Comin Foto: Divulgação H á 50 anos, o brasileiro era dez vezes mais rico que o chinês. Agora, ambos são iguais em termos de renda. Por quê? Para o presidente da consultoria McKinsey para América Latina, Nicola Calicchio Neto, a culpa desse de- sempenho ruimnão deve ser relacionada apenas à crise atual, mas à tese de que o Brasil não soube aproveitar a experiência mundial, principalmente a domer- cado norte-americano, a seu favor. Já a China passou as últimas cinco décadas apren- dendo com os erros dos outros países e, com isso, conseguiu não só crescer como também reduzir toda a distância que tinha em relação ao mercado brasileiro. “Pior que o comunismo é ter um país fechado. O Brasil precisa conectar-se com o mundo. É preciso privilegiar a política externa, os acordos bilaterais com grandes países, para abrir esse mercado”, avalia o executivo. “Eu sinto que as empresas cansaram da crise e estão comuma vontade danada de fazer dar certo.” Com base nos estudos produzidos pela McKinsey e no cenário atual da econo- mia brasileira, nesta entrevista ele revela algumas das medidas necessárias para agilizar o crescimento do país. Uma delas seria zerar o deficit público, que hoje é de R$ 170 bilhões, o que significa reduzir os gastos, otimizar os investimentos e melhorar a gestão pública. “Há um caminho muito simples para melhorar a renda e o consumo do brasileiro, que é combater a corrupção, a informalidade e a improdu- tividade”, assegura Nicola. Na visão desse engenheiro civil, que já prestou consultoria para mais de cem clien- tes da Mckinsey em todos os continentes, o Brasil precisa reagir e dar alguns sinais vitais para que essamudança aconteça de fato. “A narrativa, que deve ser posta dema- neira clara à sociedade, é a de que ou mudamos, ou vamos patinar por mais 50 anos.” Segundo as previsões de Nicola, “se metade das reformas propostas for cumprida, talvez possamos crescer 6% ao ano”.