RESPM SET-OUT 2016
setembro/outubrode 2016| RevistadaESPM 105 Revista da ESPM — Gostaria de tocar no tema das fusões e aquisições de empresas. Há um clima forte de aquisição de empresas nacionais por estrangeiras? Nicola — Não vejo um clima acelerado de venda, porque o mercado se ajusta rapidamente. O que acontece quando o mercado é muito comprador? Os preços sobem. Havia um tempo em que as empresas japonesas compra- vam muitas empresas americanas. Parecia que a América estava à venda. Rapidamente os preços subiram e o ritmo de vendas acomodou-se. Revista da ESPM — Há uma situação de empresas mais fragilizadas e moeda estrangeira disponível no mercado inter- nacional favorável a novas aquisições. Paralelamente, temos visto compras por outras empresas nacionais, resultando em fusões internas. Há um clima forte de consolidação por conta da situação que o país vive? Nicola — Pode acontecer, a partir de sinais concretos. Se as reformas acontecerem, muitas empresas com dinheiro lá fora puxarão o gatilho para investir pesado no Brasil. Revista da ESPM — O senhor acredita que podemos reverter a nossa queda nos ratings internacionais num futuro próximo? Nicola — Isso é um exercício de futurologia. Como diz o ditado: no Brasil, até o passado é imprevisível. Não devemos nos preocupar com isso. Devemos fazer tudo o que for necessário e aguardar. Revista da ESPM — O senhor co- mentou que as pessoas estão cansadas de crise. Mas sente a disposição de o mercado realmente voltar a investir, ou isso pode demorar? Nicola — Há incerteza com relação aos investimentos. As empresas estão com capacidade ociosa. Para mim, a maior parte de muitos investimentos cai na infraestrutura, no petróleo, no gás, em estradas, aeroportos etc. A maioria dos países tem cerca de 70% de seu PIB em infraestrutura. No Brasil, esse número é inferior a 50%. O país tem muita carência em infra- estrutura. São Paulo deveria ter 400 quilômetros de metrô, mas só tem 80. Isso independe de crise. Agora existe enorme oportunidade de fazer proje- tos bem estruturados, sem o ranço de que a iniciativa privada é ruim, não pode dar lucro. Ter lucro é ótimo. Obra que é rentável atrai investimentos. Pouca regulamentação, em vez de um monte de empresas mal geridas. É preciso desfazer-se da ideia de que o que vemde fora é ruime o que vemde dentro é bom. Revista da ESPM — Isso mexe com muitas convicções. Nicola — Precisamos quebrar os paradigmas mesmo. É possível cres- cer. Mas é preciso fazer algumas mudanças. Ter um diagnóstico claro e seguir com o que tem de ser feito. O Brasil é um país fechado, não tem infraestrutura, não tem investimen- to. Precisamos atrair o capital. Se gastamos demais, temos de cortar. Agora, se metade das reformas for cumprida, talvez possamos crescer 6% ao ano. Mas, se pensarmos que não é possível, que o Congresso não deixa, o Executivo não aceita, conti- nuaremos medíocres. shutterstock Épreciso rever todososserviçospúblicos, comoasaúde. Hámuitoshospitaiscom 50 leitos.Masumhospital precisa ter nomínimo200 leitosparaseautossustentar
Made with FlippingBook
RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTcx