RESPM SET-OUT 2016
setembro/outubrode 2016| RevistadaESPM 11 Devoltaàagendaperdida Por Alexandre Teixeira Foto: André Telles D outor em economia pela Universidade de São Paulo (USP), Samuel de Abreu Pessôa é professor da pós-graduação em economia da FGV no Rio de Janeiro epesquisador do InstitutoBrasileirodeEconomia. É tambémautor associado ao Instituto Millenium, um think-tank liberal, e escreve aos domingos uma coluna sobre política e economia na Folha de S.Paulo . Filiado ao PSDB, foi conselheiro de Aécio Neves na campanha eleitoral de 2014. Mesmo assim, Pessôa costumava fazer elo- gios públicos a programas dos governos doPT— sobretudona primeira gestãodo ex-presi- dente Lula, que até hoje consideramuito boa. Desde o ano passado, porém, a cordialidade foi deixada de lado por ambas as partes e o debate tornou-se duro. “Como PT não dá para conversar”, disse ele, emuma entrevista publicadana revista Época , emagostode 2015. Neste ano, Pessôa chamou a atenção para o risco de acreditarmos que o fimda corrup- ção será o fim dos males brasileiros. “Apenas combater a corrupção não vai consertar a economia”, afirmou à Veja . Economia que, pelas suas contas, enfrenta a maior recessão dos últimos 120 anos. Quando recebeu a reportagem da Revista da ESPM para esta en- trevista, Pessôa acompanhava pela televisão da sala de seu apartamento em São Paulo a tumultuada sessão emque aPropostadeEmenda àConstituição (PEC) que estabelece um teto para os gastos públicos foi aprovada em uma comissão especial do Congresso. Um pequeno passo na direção do ajuste fiscal, capaz de temperar seu pessimismo quanto às perspectivas de o país reequilibrar suas contas e criar condições para recuperar a compe- titividade perdidanos últimos anos. Segundo ele, essa PEC do teto para os gastos está associada à raiz do agravamento da crise, que tem um componente grande de expectativas. “A dívida pública cresce em bola deneve. Isso sinaliza que emalgummomento a inflação vai ter de aumentar ouo governo vai ter de dar um calote”, afirma Pessôa. “É impossível investir numa sociedade assim.” Na sua visão, para a economia nacional voltar a ser competitiva, é preciso retomar a po- lítica econômica que prevaleceu até o primeiro governo Dilma, evitar favorecimentos a setores ou empresas e “tratar os iguais de forma homogênea”.
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