RESPM SET-OUT 2016

setembro/outubrode 2016| RevistadaESPM 111 Segundo essa estratégia, criada na década de 1960, as empresas fabricam o produto inovador nos países mais avançados, enquanto conseguem cobrar por ele um preço premium, que pague os fatores de produção mais caros desses países. Quando a diferenciação do produto começa a cair, por conta da oferta de produtos similares da concorrência, a empresa multinacional desloca a produção do produto de tecnologia dominada para países emergentes, de fatores de produção mais baratos, e acaba importando para o país de origem o produto que ali fora inventado. No livro Internaciona- lização de empresas: teorias, problemas e casos (Editora Atlas, 2009), eu aponto tal prática. Efoi assimqueentroueatuoua indústriaautomotivano Brasil.Éclaroqueseopaísemergentepossuirummercado quesustenteasoperações,issosóaumentaasinergiadessa estratégia. Comoosmercados emergentes costumamser menos exigentes do que osmais avançados — por falta de opção—, a estratégia funciona comouma luva. Oquemudounos 50 anos que separamVernonda eco- nomiabrasileiraéofatodequeosmercadosemergentesse tornarambastante interessantespor si próprios, eaopera- ção de “exportação de volta” ficou emsegundo plano. Em vezdisso, a indústria fabricaempaísesemergentesprodu- tosmais adaptados a essesmercados e exporta para uma rededemercados similaresnomundo todo; similaridade essa consubstanciada emadaptações simples e baratas. No Brasil e em alguns outros poucos países, a quali- dade da engenharia, suportada tradicionalmente por universidades públicas, e mais recentemente por uni- versidades privadas de bom nível, permitiu que produ- tos fossem desenvolvidos localmente, por uma fração do custo de desenvolvimento emgrandes centros, e com umconhecimentomaior demercados emergentes. Parte desse desenvolvimento foi autóctone e parte foi incenti- vada pelas matrizes, como retrato nos artigos Formação de competências para o desenvolvimento de produtos em subsidiárias brasileiras de montadoras de veículos (escrito em parceria com R.C. Bernardes, em 2009); Impacto do desenvolvimento de produtos sobre a estratégia da subsi- diária: dois casos no setor automotivo brasileiro (Marcos Amatucci e R.C.Bernanrdes, Revista P&D em Engenha- ria de Produção , 2009); Diferenças entre first movers e late movers na capacitação para o desenvolvimento de produtos na indústria automobilística ( Revista de Administração e Inovação , edição de dezembro de 2010; e The internatio- nalisation of the automobile industry and the roles of foreign subsidiaries , que escrevi junto comFábio LuizMariotto e que foi publicado no International Journal of Automotive Technology andManagement . Esse é o pano de fundo sobre o qual as inovações são gradualmente disponibilizadas em nosso mercado. As globais, de acordo com as necessidades da competição, sempresaudável paraaeconomiaeparaoconsumidor. As locais, para a adaptaçãoeodesenvolvimentodeprodutos paramercados emergentes. EsseéosentidodafundaçãodoCentrodePesquisaApli- cada da Toyota e do catch up tecnológico na motorização dossedãsmédiosedoscarrospopulares.Umareceitaestra- tégica que une tradição de administração de ciclo de vida internacionaldoprodutocomadescentralizaçãododesen- volvimentodeprodutosemsubsidiáriasdemultinacionais. Marcos Amatucci Pró-reitor nacional de pesquisa e pós-graduação stricto sensu da ESPM A estratégia mundial da Toyota é produzir um carro com ótimo custo-benefício, por meio da redução de custos latinstock

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