RESPM SET-OUT 2016

agronegócio Revista da ESPM | setembro/outubrode 2016 114 apresentadas por 88 entidades doagronegóciobrasileiro, o governo acaba de anunciar o Plano Agro+, na busca de mais eficiência e menos burocracia. Um antigo anseio do setor produtivo. Na área de registro de produtos para o controle de pragas e doenças, o processo envolve a avaliação da eficiência agronômica do Mapa, do potencial tóxico à saúde humana pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da periculosidade ambiental pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama). São três entidades em diferentes ministérios, com visões distintas sobre o assunto. A consequência é uma lentidão na liberação de novas moléculas, com prejuízo na área de defesa sanitária. Com isso, ficamos atrasados em relação às práticas agrícolas de outros países. A lei de biossegurança aprovada emmarço de 2015, ao regulamentar a produção e comercialização de organis- mos geneticamente modificados, viabilizou a introdu- ção dessa tecnologia na agricultura brasileira. O texto da lei definiu a responsabilidade da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), composta por 11 ministros, como a responsável pela decisão técnica do pedido do plantio dos transgênicos. Nem tudo são flores Aproduçãode grãos se consolida cada vezmais emáreas distantes do Centro-Oeste brasileiro. Naturalmente, esse processo, num segundo estágio, atrai também a área de carnes. Porém, com a expansão da fronteira agrícola, a produção também ficou mais distante dos portos exportadores e das grandes cidades. Dessamaneira, o custo no frete brasileiro para levar a soja domunicípiode Sorriso (MT) para oportode Santos, por exemplo, é de aproximadamente US$ 85 por tone- lada, segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec). Esse valor supera em praticamente quatro vezes os preços praticados pelos Estados Unidos e duas vezes os índices da Argentina. As perspectivas para os próximos anos são melho- res, mas levam tempo para se consumar. Os esforços se concentramno chamado ArcoNorte, comumconjunto de iniciativas para desviar parte da safra destinada ao mercado externo para os portos localizados no Norte e Nordeste do país. Essa mudança desafogará os termi- nais portuários do Sul e Sudeste. De qualquer forma, os resultados começam a sur- gir. No ano passado, nada menos que 19,4 milhões de toneladas da produção agrícola do Mato Grosso, basi- camente soja e milho, foram escoadas para o exterior por essas rotas. Isso é um incremento significativo, comparando-se como desempenho da região em2010, quando as exportações por esses portos não chegavama 4milhões de toneladas. Foi umenorme avanço, fruto da mobilização de uma série de entidades ligadas ao agro- negócio, ao comércio e às indústrias do Centro-Oeste. Deficit emarmazenagem Outrafontedeelevaçãodoscustosedepreocupação da parte dos produtores é em relação ao deficit de armazenamento. Um recente diagnóstico, elaboradopeloComitêdeLogísticaeCompetitividade da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), constatou que a falta de silos em nível de produtor é a principal deficiência do atual sistema nacional de armazenagem, onerando o país pela perda de competitividade do agronegócio e ocasionando um congestionamento em todo o sistema logístico. Atualmente, apenas 15% da safra são armazenados na propriedade, enquanto nos Estados Unidos esse número chega a 65%. Tal situação pressiona a armazenagemcoletora, formando extensas filas de caminhões nas portas dos armazéns, acarretando perda de qualidade que pode atingir a marca de 10% do valor do total produzido. Em razão dessa constatação, torna-se urgenteaestruturaçãodeumProgramaNacionalde Armazenagemnaspropriedades,poisopaíssempre aparece pessimamente posicionado nos estudos mundiais. Um relatório do Banco Mundial, de 2015, mostra que o Brasil recuou 20 posições, ficando em 65º lugar entre 160 países, numa avaliação que leva em conta fatores como procedimentos alfandegários, infraestrutura, prazos de entrega e rastreamento de cargas. Asmudanças napráticade gestão colocamcomodesafio outroplanode produçãopara as propriedades rurais, comdemandas de tecnologias inovadoras

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