RESPM SET-OUT 2016

Inovação Revista da ESPM | setembro/outubrode 2016 126 em aulas, incluindo o assunto e colecionando téc- nicas para conseguir extrair uma nova posição das pessoas, no sentido de aceitar mais a mudança. Até montei um curso de nove horas/aula, com o título Inovação Atitudinal. Existe garantia de bom resultado? Não. Nenhuma garantia, pois isso está dentro do próprio risco da inovação. O resultado positivo vem de um cruza- mento entre o tema e o momento em que a pessoa está vivendo. Aqui é preciso falar especificamente sobre o fenômeno da mudança pessoal, que se insere na teo- ria dos sistemas, pois nós também somos sistemas, como tudo no universo. O fato é que existe uma não linearidade em nossa evolução mental e emocional. É o que afirmam Ilya Prigogine em O fim das certezas (Unesp, 1996) e Howard Gardner na obra Changing minds (Harvard Business School Publishing, 2004). Estudos mostram que fun- cionamos da seguinte forma: após períodos de quase estabilidade, nosso sistema, sempre dinâmico, se renova em um momento que costumamos identifi- car como o “cair da ficha”. Nesse instante, mudamos nosso posicionamento perante uma questão, graças à soma de informações que fomos adquirindo linear- mente, no correr do tempo. Elas se combinam e pra- ticamente emergem criando uma nova verdade ou uma nova solução. Se na dinâmica de seu sistema a pessoa já tiver introvertido bastante informação, estará “grávida de mudança” — como disse certa vez um de meus alunos, em tom de brincadeira. Nesse caso, o meu curso sobre inovação atitudinal poderá trazer a ela um novo posi- cionamento, que será de adaptação melhor ao mundo mutante em que vivemos. O futuro e a inovação atitudinal Vou me valer de um exemplo prático para explicar o propósito e o mecanismo da inovação atitudinal. Um colega professor, que assistia a uma de minhas palestras, perguntou se havia uma forma de ele não se incomodar com o que chamou de “ideias erradas” do filho. Consegui lhe oferecer uma sugestão, para que ele passasse a usar o caminho da razão a fim de diminuir os efeitos desconfortáveis da sua reação emocional. Se o filho tivesse ideias iguais às do pai, seria umdesa- justado perante sua geração. Logo, ao atinar como que seria melhor para a felicidade do seu filho, ele poderia racionalmente começar amudar sua reação emocional à questão. Explico esse mecanismo no texto Inovação atitudinal explicada , que está publicado no meu site. Termino este artigo confessando meu otimismo, ainda que moderado, quanto ao futuro da inovação atitudinal. Mãe e filha da mudança. Vejo que a ino- vação está contida principalmente nos campos da psicologia e da liderança. E, atualmente, tira partido da chamada meritocracia: pouco espaço restará para quemnão se render às regras da nossa atualidade, vol- tadas para a inovação. Assim, os líderesquesouberemconstruirumambiente inovador em suas equipes ganharão mais poder. Já os que desconsiderarem o tema tenderão a ser deletados. Isso acontecerá dentro da questão da cultura organi- zacional que não é nova, e está contida no livro Con- vivencialidade (Editora Atlas, 2002), que ajudei a orga- nizar, junto com Marcia Esteves Agostinho e Ruben Bauer. A obra aborda as relações humanas no traba- lho e apresenta a necessidade de se formarem grupos harmônicos e entusiasmados, abertos à mudança e ao aprendizado contínuo. Nessa visão de futuro, coloco a inovação atitudinal comoumfator novoepositivo,mas termino lembrandoa perenidadedamudança. Combasenessa linhadepensa- mento, chegará o dia emque ela deixará de ter o aspecto de novidade para tornar-se parte da rotina da gestão. Porém isso só irá confirmar que vivemos em um mundo mutante, o que já dizia Heráclito de Efeso, há mais de dois milênios, afirmando que não podemos entrar duas vezes no mesmo rio. Nem ele nemnós per- manecemos os mesmos. Adaptemo-nos à mudança, aceitando a inovação. José Predebon Professor de inovação e criatividade, idealizador do departamento de criatividade da ESPM e autor de 14 livros sobre administração e marketing, como Criatividade: abrindo o lado inovador da mente Quando o assunto é inovação, o resultadopositivo vemde um cruzamento entre o tema e omomento emque apessoa está vivendo

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