RESPM SET-OUT 2016

setembro/outubrode 2016| RevistadaESPM 23 Em junho de 2016, enquantoBarackObama eAngelaMerkel traçavamas linhas de umanova aliança econômica ocidental, manifestações eclodiamnas ruas alemãs contra umcomércio globalmais livre Para alémda estrutura interna, relaciono aqui quatro pontos cardeais que deveriam compor uma estratégia brasileira, ainda que não proliferem os acordos plurila- terais e nossa eventual participação neles. I - Será que temos (governo e iniciativa privada) no Brasil uma política para a “China 2.0”? Esta aumentará cada vez mais seu perfil como fonte de financiamento para o desenvolvimento e os investimentos diretos. O Brasil é um dos poucos países que oferecemmercado interno de grande escala, acesso privilegiado a commodities agríco- las e minerais de que a China tanto precisa e — se nego- ciarmos acordos — uma boa plataforma para acessar os Estados Unidos e a Europa. II – Contamos com uma abordagem estratégica para México e Argentina? Eles são os grandes atores lati- no-americanos e merecem mais foco individualizado. O México tornou-se o maior exportador mundial de linha branca, televisores e aparelhos de som. É tam- bém o país que mais concluiu acordos comerciais nos últimos 20 anos. A Argentina encontra-se num jogo de xadrez entre Estados Unidos e China. Vamos retomar nosso lugar à mesa? Como? Com um relan- çamento do Mercosul, aproximando-o de sua vocação mais econômica? III – Vamos planejar como tirar proveito da ascensão da Índia?E, ainda, de outras estrelas doSudesteAsiático, como Indonésia eVietnã? Será que o crescimento econômico des- ses países não promoverá uma megademanda por nossos produtos alimentares? Estamos atentos a isso? IV – O que queremos de nossas relações econômicas com os Estados Unidos? Não há desperdício maior nas rela- ções internacionais contemporâneas do que o potencial econômico irrealizado entre Brasil e Estados Unidos. Saberemos construir, soberana e pragmaticamente, bene- fícios especiais que podem advir do desejo americano de manter seu status geoeconômico? Na inserção global doBrasil, não há que substituir uma forma messiânica por outra. Mais vale construir — o que seria inédito—umaestratégianãoparaomundocomogos- taríamos que ele fosse,mas como omundo é. No limite, ahistóriaapontaquesemoldaràglobalização edela tirarproveitoéagrande fonteda riquezadasnações. Marcos Troyjo Professor de relações internacionais e políticas públicas e diretor do BRICLab, Rússia, Índia e China da Universidade Columbia, colunista da Folha de S.Paulo , sócio-diretor do Centro de Diplomacia Empresarial e autor do livros Desglobalização: crônica de um mundo em mudança (Agbook, 2016) shutterstock

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