RESPM SET-OUT 2016

Revista da ESPM | setembro/outubrode 2016 32 Atenção:apertemoscintos porqueomercadosumiu! Estamos entrando na era da 4ª Revolução Industrial, com o surgimento de novas profissões e o encolhimento ou até mesmo a extinção de algumas atividades. Diante desse cenário de incertezas, a regra agora é explorar o possível e parar de administrar o provável! Por Anna Gabriela Araujo Planejamento estratégico V ocê sabe qual é a diferença entre o risco e a incerteza e como esse entendimento impactadiretamentenoprocessode tomada de decisão, principalmente em tempos de crise? Na década de 1990, o engenheiromecânico Roberto Camanho aprendeu, na prática, essa dura lição. “O risco é algo que pode ser calculado. Já a incer- teza surge junto com o imprevisto, o inesperado, que, por não fazer parte do nosso universo de vivências, acaba gerando a dúvida e a insegurança”, conclui o atual professor de análise de decisões e estratégia empresarial da ESPM, com base em sua própria trajetória. Até 1996, ele possuía um bom diferencial competitivo, uma vez que era um dos únicos profissionais a atuar na área de automação industrial noBrasil. Emsua carteira de clientes figuravamgrandes empresas da época, como a fabricante de amortecedo- res Cofap, a autopeçasMetal Leve e a Cibié (antiga fabricante brasileira de faróis e lanternas para carros). Até que, emmeados dos anos 1990, omovi- mento da globalização engoliu amaioria das empresas brasileiras presen- tes no segmento de autopeças, que foram incorporadas pormultinacionais. Assim, em1996, aMahle assumiu todo o controle acionário daMetal Leve. No ano seguinte, a Magneti Marelli comprou a Cofap, enquanto a Arno dispensou 40 engenheiros e encerrou as atividades de seu departamento de projetos ao ser adquirida pelo grupo francês SEB. “De repente, o que eu sabia fazer já não servia mais para nada porque o mercado havia sumido, oumelhor, dissolvido! Das 4,5mil empresas associadas ao SindicatoNacio- nal da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) sobraramapenas 450”, lamenta Camanho. “Até aquelemomento, aminha crença era a de que, quando eu não faturava, era porque omeu concorrente estava faturando. Isso foi oque aprendi comMichael Porter.Mas essa crença já não valia mais em 1997 e eu tive de me reinventar.”

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