RESPM SET-OUT 2016
setembro/outubrode 2016| RevistadaESPM 35 Acerte na decisão! Nomomento emque o país ensaia uma tímida retomada docrescimento, acertar na escolhapassa a ser fator crucial para a sobrevivência das empresas. Nessa árdua tarefa de tomar decisões emtempos de incerteza, umfator compor- tamental ainda continua prevalecendo tantono ambiente corporativo quanto no cenário familiar: nós, latinos, temos um jeito diferente de tomar decisões. Enquanto os americanos apenas cumprem as regras, nós discutimos e negociamos todo tipo de regra. “Nos Estados Unidos, o funcionário não questiona o papel do chefe, se ele está certo ou errado. Já os latinos passamhoras discutindo os valores de determinada ação.” De acordo comosmodelosmentais presentes na escola tradicional denegócios, os gestores devemtomar decisões economicamente viáveis e com um considerável grau de certeza. Tal teoria está baseada na crença de que os execu- tivos costumamter os problemas bemdefinidos, os objeti- vos conhecidos eas alternativasparamaximizar o retorno. A partir dessa percepção, a racionalidade é ilimitada e as soluções são ótimas. Mas, na prática, não é bemassim... Uma tesedocientistapolíticoamericanoHerbert Simon, PrêmioNobeldeEconomiade1978,comprovaquearaciona- lidadedoserhumanoé limitada, porque todosnósenxerga- mosapenasrecortesdarealidade.Naverdade,oqueacontece nomundocorporativoéqueasmetas sãovagas econflitan- tes e faltaumaconsciênciados gestores sobreaescassezde tempoerecursos.Alémdisso,duranteoprocessodetomada dedecisão, a soluçãoé sempre a satisfatória enãoamelhor. “A racionalidade é limitada porque o nosso cérebro é uma máquinadesobrevivência. Aordemésentirprimeiroepen- sardepois.Dessa forma, osgestores são incapazesde tomar decisões totalmente racionais. O viés emocional sempre estará presente”, assegura Camanho. “Recentemente, par- ticipei de uma dinâmica de grupo emuma grande empresa para identificarqual eraadecisãomaisdifícil deser tomada pelos gestores. E ‘mandar alguémembora’ apareceu na pri- meira posição”, ressalta o professor, acrescentando que, nesse estudo, dois motivos justificaram tal dificuldade: os elos emocionais construídos no dia a dia; e o fato de o ges- tor temer que a pessoa demitida leve consigo muitas das informações deque eleprecisaráno futuro. “Decidir é fácil. Odifícil é conviver comas consequências dessa decisão!” Segundo o manual de Camanho, cinco componentes impactamdiretamentenoprocessode decisão: o contexto da situação; o perfil das lideranças envolvidas; as pergun- tas que precisamde resposta; como o business plan foi ela- borado; e quem irá executar aquilo que foi decidido. As decisões mais assertivas podem ser tomadas a partir do desenvolvimento de cinco habilidades: a compreensão de seus limites; saber onde e quando errar; filtrar o que é real- mente relevante; entender a dinâmica do grupo buscando novas alternativas; e saber liderar todo esse processo. “Ao analisar ocenárioatual e as forças atuantes—comoodina- mismo dos mercados emergentes, a velocidade da evolu- ção disruptiva e o envelhecimento da populaçãomundial —, fica claro que a regra agora é explorar o possível e parar de tentar administrar o provável!” A racionalidade é limitada porque onosso cérebro é uma máquina de sobrevivência. Aordemé sentir primeiro e pensar depois. Dessa forma, os gestores são incapazes de tomar decisões totalmente racionais shutterstock
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