RESPM SET-OUT 2016

setembro/outubrode 2016| RevistadaESPM 37 Oplanejamentoéagora! Por Arnaldo Comin Foto: Divulgação N as crises, assim como nos incêndios, costuma prevalecer a lógica do “salve-se quem puder”. A primeira vítima, quase sempre, é a capacidade de planejar e antever o próximo passo com segurança. O economista José Roberto Mendonça de Barros, à frente da prestigiada consultoria MB Associados, conhece a fundo a realidade das empresas e crê que, apesar da fragilidade em que se encontram muitas companhias no país, o cenário daqui para frente será positivo para o investimento privado. No elenco de quem deve sair mais robusto da crise, ele destaca cinco grupos: grandes empresas nacionais com bons planos estratégicos e disciplina de capital; as multinacionais que estão há décadas no Brasil e têm acesso a financiamento ba- rato e boa governança; empresas do agronegócio que não se alavancaram demais; e firmas de porte médio que executaram seus orçamentos com controle, estão pouco endividadas e prontas para crescer. O último grupo? Uma promissora geração de startups, com jovens lideranças que estudaram ou trabalharam no exterior, têm espírito inovador e visão global. “Em 37 anos de carreira, nunca vi um movimento de pequenas empresas inovadoras tão interessante no Brasil”, afirma o economista. Mas a crise, como as guerras, deixará seus mortos no campo de batalha. O consultor vê um futuro difícil para as “campeãs nacionais”, superalavancadas nos governos Lula e Dilma Rousseff, assim como alguns grandes grupos familiares e setores da indústria que dependem da boa vontade do governo para competir. “O Te- souro literalmente quebrou, não adianta pedir dinheiro, porque acabou. As empre- sas deixaram de exercer a liderança para comprar no shopping do governo federal. A indústria precisa se reinventar.” No momento em que a economia ensaia a retomada, Mendonça de Barros des- taca a importância de “olhar para fora” em busca de tendências, focar em um bom planejamento estratégico e arriscar, sem perder o controle do endividamento. Na entrevista a seguir, ele fala sobre o novo governo e reformas à vista e explica, passo a passo, por que está seguro de que o PIB brasileiro crescerá 2% no ano que vem.

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