RESPM SET-OUT 2016

setembro/outubrode 2016| RevistadaESPM 45 é ter bom planejamento estratégico, a noção de como fazer e para onde ir. Grandes, médias ou pequenas: quem tem boa noção de planejamen- to estratégico tem mais chance de atravessar a crise. O grande problema que muitas enfrentam é o de estarem endividadas. Quem estava alavanca- do, mesmo que por uma boa causa, está à beira do cataclismo. Se cai 50% o faturamento, com esses juros altos, o negócio ficamuito fragilizado. Revista da ESPM — E os “campeões nacionais”, como estão? Mendonça de Barros — Está aí uma curiosidade. Todos os antigos cam- peões nacionais estão naufragando. Todas as empresas escolhidas pelo governo vivem má situação, com duas ou três exceções. Um pedaço de empresas construtoras e um ban- do de outras que se uniram aos cam- peões nacionais do governo foram ao topo e depois desmoronaram. Aí temos duas situações extremas. Quem teve disciplina de capital e bom plano estratégico está razoa- velmente bem. Quem se abraçou aos sonhos de grandeza do antigo governo naufragou. Revista da ESPM — Como as empre- sas devem se comportar agora? Mendonça de Barros — O grande desafio das empresas que chegaram vivas até aqui é olhar para fora de si mesmas. O planejamento é agora. Acabar de vez com representações, com lista de pedidos ao governo, ao Tesouro, que não vão ter como responder. Elas precisam olhar mais para o resto do mundo, espe- cialmente na indústria. Não precisa exportar. O importante é ter visão global, conhecer tendências de pro- dutos. O setor têxtil e o de vestuário apresentaram um trabalho mara- vilhoso nos últimos anos, de visão do futuro. Isso proporciona uma âncora firme ao negócio. Nem todo mundo vai atravessar a crise, mas, apesar de tudo, temos uma indús- tria representativa, variada. Temos hoje uma grande crise na empresa familiar de capital nacional que, ao lado dos campeões nacionais, não vive sem proteção. Mas, como o ca- pitalismo se renova, espera-se uma revitalização nessas empresas, e novos campeões aparecerão. Revista da ESPM — Como ficam as pequenas e médias empresas, que têm mais dificuldades com fluxo de caixa, acesso a capital e tecnologia? Mendonça de Barros — Pela pri- meira vez, em meus 37 anos de carreira, nós estamos vendo um núcleo de pequenas empresas ino- vadoras que estão nascendo em muitas cidades do Brasil. Estamos assistindo a incubadoras ligadas a universidades e lideradas por gente que estudou ou que trabalhou no exterior. São empresas que trazem inovações em tecnologia, em mo- delo de negócios e olham o mundo como um todo. Para as pequenas e médias de uma maneira geral, uma lição importante é a disciplina no capital. Nós temos um país de juros reais altos e a empresa não deveria se endividar muito. Deve arriscar, mas não se endividar demais. Na produtividade, perseguir custos baixos. Ter ouvido aberto para as coisas: máquinas novas, relaciona- mento com o cliente, saber o que ele quer. Muita empresa não percebeu que o mundo à sua volta mudou e de- manda novas formas de trabalhar, novos modelos de negócios. beto barata / pr Michel Temer é o terceiro doPMDBque assume aPresidência pós- democratização. Agora precisa aprovar reformas para oBrasil voltar a crescer

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