RESPM SET-OUT 2016
Revista da ESPM | setembro/outubrode 2016 48 Nomercado, alguns economistas arriscamprojeções aindamelhores do que a doBancoCentral. “Estamos em fase de retomada de investimentos, comperspectiva de crescimento de 2% no ano que vem”, prevê José Roberto Mendonça de Barros, da consultoria MB Associados, em entrevista à Revista da ESPM ( ver conteúdo completo na página 36 ). Barry Engle, presidente daGMpara aAmérica Latina, tambémcompõeo timedeprofissionais que apostamem uma retomada do crescimento da economia brasileira já nopróximoano. “Chegamos ao fundodopoço. Agora, pre- cisamos nos preparar para a retomada, porque as oportu- nidades irão surgir para quem souber reduzir os custos, maximizar a receita; vigiar de perto o fluxo de caixa; e otimizar os talentos, semignorar os problemas”, afirmou o executivo durante o 26º Congresso & Expo Fenabrave, evento promovido em agosto pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Atuando em um dos segmentos mais atingidos pela crise, Engle lembra que, de 1985 a 2015, a indústria automobilística brasileira cresceu, em média, 5% ao ano. “Durante anos, esquecemos a volatilidade domer- cado e investimos demais. Isso gerou uma capacidade excessiva de produção e revenda. Como consequência, hoje temos fábricas ociosas, concessionárias fechadas e profissionais demitidos.” Para ele, o mercado brasi- leiro voltará a crescer, mas de uma maneira racional. Daí a importância do planejamento estratégico. “Atual- mente, o difícil não é cobrir a oferta do concorrente, e simmanter a experiência do cliente — que está cada vez mais digital”, avalia o presidente da GMpara a América Latina. “Precisamos agir como a Apple, cujo produto é excelente, não precisa de manual e tem uma série de acessórios que acabam por fidelizar os clientes e pro- porcionar uma experiência impactante.” O fato é que alguns setores da economia, como servi- ços e agribusiness, passaramos últimos anos investindo em inovação e tecnologia. E hoje sofremmenos os efei- tos da crise. Já o setor industrial seguiu o caminho con- trário: puxou o freio demão e acomodou-se coma ilusão de prosperidade permanente criada nos primeiros anos do governo Lula. Resultado: a produção industrial bra- sileira, que já vinha emqueda há pelomenos dois anos, despencou com a retração do mercado e o aumento da concorrência externa. Como consequência, o Brasil perdeu emquatro anos nadamenos do que 33 posições no rankingmundial de produtividade, dado divulgado no últimomês de setem- bro pelo FórumEconômicoMundial. Hoje, ocupamos a modesta 81ª colocação, o que nos coloca abaixo de paí- ses como Irã, Tajiquistão, Guatemala, Armênia e Albâ- nia. O relatório aponta ainda uma característica que nos falta,mas é comumaos três paísesmais competitivos da lista (Suíça, Cingapura e Estados Unidos): “a capacidade de se inserir na chamada quarta Revolução Industrial, caracterizada pelo desenvolvimento de tecnologias de fronteira como computação cognitiva, robótica, inter- net das coisas, biotecnologia e impressão 3D”. Na era da indústria 4.0, a produtividade tornou-se pré-requisito básico para o país fazer parte dessa nova realidade, descritaporKlausSchwab, fundador doFórum Econômico Mundial, como A quarta Revolução Indus- trial (Editora Edipro, 2016). Emseu livro recém-lançado no Brasil, ele mostra como a tecnologia está revolucio- nando a maneira como as pessoas vivem, trabalham e se relacionam umas com as outras. Nesse cenário em constante transformação, empresas enações não conse- guemmais sobreviver seminvestir emreduçãode custos Inovação e produtividade: pilares de um novo Brasil Alexandre de Saint-Léon, da Ipsos: ”Podemos definir 2017 como o ano emque iremos juntar os cacos e plantar as primeiras sementes do crescimento” fabiano sanches
Made with FlippingBook
RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTcx