RESPM ABR_MAI_JUN 2017

abril/maio/junhode 2017| RevistadaESPM 15 por serem mais produtivos e terem mais experiência e muito conheci- mento acumulado sobre um trabalho específico. Muitos empresários opta- ram por manter os funcionários mais produtivos e dispensar os demais. Assim, quando a economia voltar ao normal, primeiro teremos um ganho de produtividade para depois retomar as contratações. Revista da ESPM —Quais as previsões do Ipea para a retomada do crescimento? Souza Júnior — A retomada da econo- mia já começou, mas ainda é gradual. Estamos prevendo um crescimento de 0,7% neste ano e de 3,4% para 2018, desde que as reformas sejam aprova- das. Não consigo traçar uma previsão confiável semcondicionar o desempe- nho da economia à aprovação dessas reformas, porque os grandes vilões do mercado nacional são o desequilíbrio fiscal e a baixa credibilidade do Banco Central — que vem sendo recuperada pormeioda reduçãoda taxa de juros. Revista da ESPM — Voltando a falar sobre o perfil do trabalhador, de que for- ma o aumento de escolaridade da mão de obra é apontado nos estudos do Ipea? Souza Júnior — A partir de 1990, passamos a registrar um aumento na quantidade de trabalhadores com en- sinomédio em função de investimen- tos que facilitaram o acesso à educa- ção. Agora, temos uma ampliação de profissionais com ensino superior no mercado de trabalho. Em 2012, 14,3% da população ocupada possuía ensino superior completo. Hoje, esse índice corresponde a 18,5%. Já os trabalha- dores com ensino médio completo correspondema 32,7% damão de obra brasileira, ante os 29,5% registrados no início de 2012. O contraste fica por conta da população que possui o ensi- no fundamental incompleto, que di- minuiu de 33,8%, em 2012, para 28,1% no ano passado. A crise provocou um aumento da taxa de desemprego em todas as faixas etárias e regiões do país, porém é possível notar que o impacto foi menor entre a população com nível superior, que teve mais facilidade de acessar e se manter no trabalho. Em 2016, registramos um crescimento da população ocupada com nível superior em torno de 5%, enquanto o restante domercado apre- sentou queda. Revista da ESPM — Como esse au- mento na escolaridade do trabalhador pode provocar uma melhoria na com- petitividade do país? Souza Júnior — Tem uma parte da produtividade que é pró-cíclica. Quando o ciclo econômico retoma o crescimento, as empresas passam a usar melhor a mão de obra dis- ponível, o que ajuda a aumentar a produtividade. Agora, estamos neste momento. Considerando o fato de que a mão de obra que ganhou mais participação é aquela com mais experiência e melhor formação, é possível imaginar que, quando a economia se recuperar por completo, o país registre umaumento significa- tivo de produtividade. O que não sig- nifica que a lição de casa não precise ser feita. Revista da ESPM — O que os econo- mistas do Ipea recomendam como “lição de casa” para o Brasil voltar a crescer? Souza Júnior — É preciso melhorar a regulação no ambiente de negócios para estimular os investimentos, in- centivar a abertura comercial do país e melhorar a qualidade da educação. Não basta dar acesso ao sistema, é pre- cisomelhorar aqualidadeda formação shutterstock Acrisemudouoperfil da forçade trabalhonoBrasil, pormeiodedois fenômenos: oaumentodaescolaridadeeoaumentoda idadedapopulaçãoempregada

RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTcx