RESPM ABR_MAI_JUN 2017

Revista da ESPM | abril/maio/junhode 2017 44 Lentarecuperação Para o economista-chefe da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Marcel Solimeo, o governo está tentando fazer as reformas necessárias, mas, como o ritmo é lento demais, o país continuará registrando um crescimento medíocre ”É preciso arrumar a casa, do ponto de vista político, porque enquanto o corporativismo e o patriarcalismo da classe polí- tica prevalecerem, o Brasil terá de se contentar em crescer med iocremente”, assegu ra Marcel Solimeo, economista- chefe da Associação Comer- cial de São Paulo (ACSP). “Não vejo em um horizonte próximo o país crescendo acima de 3%ou4% ao ano. A economia vai melhorar, mas lentamente, porque qual- quer reforma no sistema depen- derá da aprovação do Congresso.” Como exemplo, e le c it a o saque do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) das contas inativas, liberado pelo governo no início do ano. “Essa foi uma medida inteligente, mas infelizmente isso é uma gota d ’água em relação ao oceano de medidas que precisam ser tomadas para colocar a economia nos eixos.” Cenário econômico ”Se o governo conseguir aomenos avançar nas reformas da previ- dência e trabalhista, vai criar condições para que o próximo presidente tome medidas mais efetivas para o início da retomada do crescimento. O Brasil tem um enorme potencial. O que falta é mudar o atual cenário político, estabelecer mais parcerias públi- co-privadas, alavancar investi- mentos e acabar de vez com essa política de incentivos e isenção fiscal a determinados setores da economia. Um dos maiores erros do governo de Dilma Rousseff foi a ignorância econômica, que fez a equipe da presidente contrariar a aritmética e achar que seria possível melhorar o bem-estar da popu lação sem aumentar o investimento em produção, quando a lóg ica econômica real é exatamente oposta. No mundo real, é o investimento empresa r ia l que aument a a produtividade e acaba estimu- lando o consumo.” Sociedade ”Hoj e v i vemos um cená r io inverso àquele ret ratado em 2011, quando o mercado come- morava a ascensão da classe C. Essa nova classe média foi cr iada a r t i f icia lmente, com base no crédito fácil. Susten- tamos esse ‘boom’ de expansão com base na renda extra das commod it ies , que es t avam supervalorizadas. Na época, em vez de investirmos no aumento da capacidade produtiva e na formação das pessoas por meio da educação, optamos por incen- tivar o aumento do consumo, até que o modelo se tornou insus- tentável. Entre os anos de 2011 e 2014, o país cresceu expan- dindo o crédito com base na dívida pública e no consumo de produtos importados. Quando o câmbio começou a subir, a ilusão acabou. Nós passamos a ter difi- culdades com a importação e ficamos sem produção interna em muitos setores porque as fábricas brasileiras não resis- t i r am e f e c h a r am a s s u a s portas. Outro grande equívoco que ajudou a moldar o cenário atual foi a aposta em programas sociais, como o Bolsa Família. A melhor forma de distribuição ACSP | Marcel Sol imeo

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