RESPM ABR_MAI_JUN 2017
abril/maio/junhode 2017| RevistadaESPM 49 todo sofreu umpoucomenos que isso, ao registrar uma queda de 29% ao ano. Há duas razões que explicam o fato de a classe A ter sido a que mais sofreu queda de renda durante a crise. A primeira é justamente porque, enquanto as classes intermediáriasperdemfamíliasdeumlado,mas ganham famílias da classe imediatamente acima, o efeito da crise no caso da classe A é apenas em uma direção. Isso explica também por que algumas redes de vestu- ário que operampara as classes C+ ou B sofrerammenos os impactos da crise. Se, por um lado, perderam clientes —quedeixaramde ter rendapara consumir seus produtos —, por outro, ganharamclientesqueatéentãoconsumiam peças de vestuáriomais sofisticadas. Jáasegunda razãoparaaclasseAter sofridomaisperda de renda coma crise temrelação direta como fato de que 25% dos ocupados nessa classe são empregadores, cuja renda está estreitamente ligada ao lucro das suas empre- sas, que se deteriorammuito acentuadamente emperío- dos de crise econômica. Eoqueesperar daqui paraa frente?Depoisdeumlongo período de sofrimento, finalmente é possível observar os primeiros sinais de reação no consumo e na renda das famílias, processo esse que deve se reforçar ao longo do ano, demodo que é possível apostar emretomada do pro- cesso demobilidade social para o país. No entanto, distintamente do período de 2004 a 2014, agora esse processo deverá ocorrer de forma bemmais lenta e com menor potencial distribuidor de renda. Entre 2017 e 2020, esperamos que o destaque em ter- mos de ganho de renda seja a classe A, comalta próxima a 5% ao ano, seguida da classe B, ao passo que a classe C deverá ter umganhomais modesto, perto de 1% ao ano. Há duas razões principais para explicar esse padrão. A primeira é que, na retomada do ciclo, a tendência é de que o lucrodasempresas reajamais rápidoqueos salários, aju- dandoarecomposiçãomaisaceleradadarendadaclasseA. Além disso, dificilmente veremos novamente um padrão em que a atividade econômica seja fortemente puxada pelo consumo, como o observado entre 2004 e 2014, padrão esse que beneficiou emespecial as classes demenor renda, tendo emvista os setores de varejo e de serviços demodo geral empregaremproporcionalmente um contingente maior de trabalhadores de menor qua- lificação. Enquanto na economia como um todo 41,5% dos trabalhadores possuem somente o ensino funda- mental, no setor de serviços (excluindo administração pública, educação e saúde) o percentual de trabalhado- res de menor qualificação alcança 48,7%. Como resultado, os segmentos mais sofisticados de consumo devem ganhar destaque nos próximos anos, “ pero no mucho ”. Gustavo Loyola Ex-presidente do Banco Central e sócio da Tendências Consultoria Integrada Adriano Pitoli Economista e sócio da Tendências Consultoria Integrada Depoisdeumlongo períododesofrimento, finalmenteépossível observar osprimeiros sinaisde reaçãono consumoena renda das famílias shutterstock
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